A CONSTRUCIONALIZAÇÃO GRAMATICAL DE "FOI QUANDO" COMO CONECTOR
Microconstrução
Conector
Língua portuguesa
Gramática
Constructionalization
Micro-construction
Connector
Silva, Alexsandra Ferreira da | Posted on:
2015
Abstract
Investigamos diferentes usos de “foi quando” em perspectiva pancrônica. Através da
análise de dados que remontam ao século XIII, registramos um processo de mudança gradual
que conduziu ao uso de “foi quando” como conector em sincronias mais recentes. O resultado
desse processo de mudança é analisado na perspectiva de construcionalização gramatical,
conforme Traugott e Trousdale (2013). Para esse estudo, adotamos como referencial teórico
os pressupostos da Linguística Funcional Centrada no Uso – LFCU. Desse modo, com base
no reconhecimento da importância de se abordar os fenômenos linguísticos em seu contexto
efetivo de uso, procedemos, inicialmente, a uma pesquisa sincrônica na qual analisamos
notícias publicadas nos sites: www.g1.globo.com e www.odia.ig.com.br. Posteriormente,
pesquisamos dados diacrônicos em textos narrativos, disponíveis no Corpus do Português, em
www.corpusdoportugues.org. Selecionamos, ao todo, 406 dados de uso de “foi quando”. Os
resultados obtidos apontam que os usos de “foi quando”, em viés sincrônico, apresentam
graus distintos de gramaticalidade, em que o uso mais gramatical se apresenta na língua como
instância de uma microconstrução, nos termos de Traugott (2008). Verificamos, ainda,
conforme Traugott (2010), que os diferentes graus de gramaticalidade de “foi quando” são
decorrentes de um processo de mudança diacrônica. Esse processo é observado a partir do
estudo dos contextos que conduzem à mudança, conforme Heine (2002). Consideramos que a
interpretação induzida pelo contexto nos permite uma análise da mudança construcional em
pequenos passos. Nesse sentido, concluímos que os usos de “foi quando” se apresentam,
basicamente, em três tipos de contextos, conforme Heine (2002): contexto inicial, contexto
ponte e contexto de mudança. Verificamos que o contexto inicial configura-se como o mais
concreto, o mais composicional e o menos esquemático, abarcando os usos com menor grau
de gramaticalidade, identificados em nossa pesquisa como os casos listados no Padrão I –
[foiverb.ligação] e [quandoadv.integrante]. O contexto ponte é considerado híbrido, contemplando os
usos em nível intermediário de gramaticalidade, listados no Padrão II – [foiverb.copulativo
[quandoadv.relativo]]. Já o contexto de mudança configura-se como mais abstrato, mais
esquemático e menos composicional, relacionando os casos listados no padrão III –
[foiquandoconector]. Assim, o estudo de “foi quando” nos contextos evidenciou neoanálises de
forma morfossintática e significado semântico/ pragmático que levaram à criação da
microconstrução [foiquandoconector], um pareamento formanova-significadonovo. Constatamos,
nesta tese, que o resultado de uma série de reajustes que ocorre nesses contextos é a
construcionalização gramatical de “foi quando” como um conector, uma microconstrução que
apresenta significado abstrato e procedural, no sentido de que é utilizada para estabelecer
relações linguísticas entre porções textuais como um mecanismo de coesão
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TeseSubject(s)
ConstrucionalizaçãoMicroconstrução
Conector
Língua portuguesa
Gramática
Constructionalization
Micro-construction
Connector
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