Covid-19: propagação espacial e tempo de suspensão em ambientes fechados

Abstract

Desde o início da pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV-2, ou Covid-19, as autoridades sanitárias no mundo todo divulgaram medidas básicas de proteção para evitar o contágio, como lavado de mãos frequente e evitar levar as mãos ao rosto. Isto se deve a que, até onde se sabe, o principal vetor de contágio é o contato direto do vírus com as mucosas das vias superiores do sistema respiratório. No entanto, a finais do mês de março de 2020 surgiram alguns trabalhos na área médica apontando para uma possível estabilidade do vírus no ar de ambientes fechados, como salas e banheiros de hospital. Esses trabalhos foram divulgados no momento que se discutia sobre o correto uso de máscaras de proteção, inicialmente indicadas apenas para pessoas infectadas, e colocou a questão sobre uma possível transmissividade do vírus pelo ar que respiramos. Neste colóquio vou discutir estas questões, mostrar resultados de pesquisas médicas e apresentar resultados de modelos físicos simples para descrever a propagação do vírus no ar, em ambientes com pouca ou nenhuma ventilação. De particular relevância é o tempo de permanência do vírus no ar uma vez expelido por uma pessoa contaminada no ato de espirrar, tossir, falar ou mesmo respirar. Os resultados, além de dar embasamento rigoroso a resultados que estão aparecendo na literatura médica sobre o Covid-19, podem contribuir para reforçar a pertinência do uso generalizado de máscaras de proteção em ambientes sem boa ventilação, como salas de aula, ascensores ou cabines de avião, dentre outras.