Apreensão de animais silvestres em Unidades de Conservação: estudo de caso no Parque Estadual da Serra da Tiririca, RJ

Abstract

Várias são as causas para o gradativo desaparecimento da fauna silvestre brasileira, entre as mais comuns está a perda de habitat, caça ilegal e atropelamento acidental. O tráfico da fauna é considerado o terceiro maior tipo de atividade ilegal do mundo, só perde para o tráfico de armas e drogas. Além do maltrato animal causado por essa ação, a retirada da fauna silvestre de seus habitats prejudica o equilíbrio ecológico e, entre vários problemas, favorece a proliferação de agentes de doenças, enquanto que a interação e domesticação desses animais podem levar à reemergência de zoonoses. Apesar disso, no Brasil, cerca de 38 milhões de animais são retirados da natureza para o comercio ilegal e mesmo com esses números alarmantes, poucos são os dados a respeito dessa problemática. Portanto, o trabalho teve como objetivo mapear, na área de estudo – O Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET), uma Unidade de Conservação Integral – os locais onde ocorreram as apreensões e quais espécies foram apreendidas, analisar as infrações documentadas na sede do Parque e categorizar preliminarmente a origem da fauna apreendida: se ela vem da posse, tráfico ou apreensão; Apontar as espécies que estão mais associadas à apreensão em parâmetro do Estado do Rio de Janeiro e comparar com as encontradas no PESET. A metodologia utilizada consiste, para a criação dos mapas, do uso de geoprocessamento pela ferramenta ArcGis. Os dados foram obtidos pelas idas à sede do Parque e a compilação dos Auto de Infração (AI) disponibilizados pela gestão do PESET. Por divergência de coordenada, dos 313 animais apreendidos, apenas 66 foram computados, todos estes da Classe Aves, sendo 31 coleiros (Sporophila spp.); 17 tizius (Volatinia jacarina); seis canário-da-terra (Sicalis flaveola); quatro papagaio-verdadeiros (Amazona aestiva); três trinca-ferro (Saltator similis); dois curiós (Sporophila angolensis); um periquitão-maracanã (Psittacara leucophthalmus); um sanhaço (Thraupis sp.) e um tempera-Viola (Saltador maximus) portanto, os resultados obtidos apontam para uma maior ocorrência de animais característicos do Estado, tal qual curió (Sporophila angolensis), o trinca-ferro (Saltator similis) e o coleiro (Sporophila spp.) o que caracteriza a posse e uma possível captura na área do Parque, enquanto que foi encontrado uma espécie que não ocorre no Estado, o Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva). Apesar disso, não há conclusão sucinta visto que o quantitativo de animais apreendidos, remetem a necessidade de uma fiscalização contínua e padronização do recolhimento de dados. A maior parte das ocorrências foram feitas na Zona de Amortecimento do Parque e no limite municipal de Niterói. Como considerações finais, é importante o aprimoramento das medidas fiscalizadoras, como por exemplo a implantação do Auto de Infração Eletrônico, que otimiza a autuação e padroniza os dados das ocorrências. E por último, é primordial o investimento na educação ambiental, tanto dentro do Parque quanto ao seu redor, para que a população que ali vive. Só a educação ambiental pode dar aos moradores um sentimento de afeto e respeito ao Parque e seus recursos