A baixada é cruel: racismo ambiental e narrativas contracoloniais na Baixada Fluminense/RJ

Abstract

Neste artigo analiso como o processo de ocupação da Baixada Fluminense é marcado pela hierarquia racial introduzida pela lógica colonial, e que tem como efeito o racismo ambiental experienciado pelos sujeitos que habitam na periferia fluminense. Frente a isso essas posições são repensadas por uma organização, a Casa Fluminense, que irá questionar a relação núcleo-periferia e seus efeitos na qualidade de vida ambiental da região. Através da articulação de autores que contam a história da região, destaco os processos de ocupação territorial na Baixada Fluminense, e como esses sempre foram marcados por uma interação violenta com o ambiente, onde a região sempre teve que cumprir os interesses externos e acumular para si os danos dessas atividades. Todavia, observamos, através das redes sociais e da entrevista com membro da Casa Fluminense, que os casos de racismo ambiental e os conflitos decorrentes ali não passam despercebidos; eles são incorporados nas reivindicações da organização, procurando construir uma narrativa contra-colonial que traz a região, à margem da cidade do Rio de Janeiro, também como peça central de suas agências. Concluímos que, mesmo com sua atuação referindo-se à toda a região metropolitana do Rio de Janeiro, a pluralidade que adota nas suas ações permite o distanciamento de um olhar monocultural, assumindo as especificidades de cada local e suas potências identitárias, territorializando e corporificando as desigualdades, construindo importantes caminhos para seus enfrentamentos dentro da realidade vivida na metrópole, inclusive na Baixada Fluminense