Politicamente vivos?: uma mirada sobre as disputas narrativas a respeito do desparecimento forçado dos 43 estudantes de Ayotzinapa, México

Abstract

Esta dissertação tem por objetivo analisar as narrativas sobre o desaparecimento dos 43 estudantes normalistas mexicanos de Ayotzinapa, ocorrido em 2014. Procurei abordar as questões referentes ao desaparecimento forçado, ao histórico de violências pelo desaparecimento no território mexicano e, em perspectiva, no da América Latina. Desta maneira, analisei as disputas de sentido travadas por meio das narrativas que envolvem os crimes, me dedicando a problematizar o papel dos meios de comunicação na constituição de versões mesmas ou versões outras a respeito do caso dos 43 de Ayotzinapa. Trabalho com a hipótese de que a existência/resistência política dos normalistas está centrada e em disputa nas narrativas, entrincheirada em diferentes aspectos de sua complexa formação, além de disputada por distintos atores em suas relações de poder. Neste sentido, contar e recontar esta história, com seus pormenores e suas problematizações, é uma maneira de garantir que os desaparecidos permaneçam politicamente vivos. O jornalismo é parte fundamental desse processo como engrenagem que articula os relatos em conflito, seja para trazer novos elementos, seja para assentar verdades problemáticas, seja para fazer durar ou para fazer desaparecer. O corpus de análise está restrito às narrativas produzidas por jornais e revistas mexicanos e brasileiros sobre o caso: El Universal, La Jornada, Proceso, El País (edição brasileira), Folha de São Paulo, Galileu e Piauí. Grandes reportagens destes periódicos, em suas versões online, foram selecionadas para a análise. Além disso, desenvolvi o estudo a partir de ampla bibliografia sobre os três eixos temáticos: o desaparecimento forçado, o território latino-americano e a enunciação.