Perímetro da cintura como medida estimativa de gordura visceral em pacientes com doença inflamatória intestinal

Abstract

As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) se apresentam sob duas formas principais: a Doença de Crohn (DC) e a Colite Ulcerativa (CU). Há vários fatores relacionados à etiologia e evolução das DII. Atualmente, alguns estudos têm investigado a relação do tecido adiposo visceral (TAV) com as doenças inflamatórias intestinais, por isso a avaliação nutricional e da composição corporal desses pacientes mostra-se imprescindível no manejo da doença. A absorciometria por emissão de raios x de dupla energia (DXA) é considerada referência na avaliação da gordura corporal total e regional. Entretanto, na prática clínica e no atendimento ambulatorial, a utilização da DXA não é viável. Por esse motivo, o perímetro da cintura (PC) tem sido adotado como uma medida capaz de estimar o conteúdo de tecido adiposo visceral. O objetivo desse estudo foi avaliar a associação entre a medida do PC e o TAV avaliado pela DXA nos pacientes com doença inflamatória intestinal. O estudo é do tipo observacional de corte transversal, com pacientes adultos de ambos os sexos com o diagnóstico de DII em atendimento ambulatorial no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP). Os dados antropométricos e de composição corporal foram coletados no Laboratório de Avaliação Nutricional e Funcional da Faculdade de Nutrição Emília de Jesus Ferreiro da Universidade Federal Fluminense (LANUFF/FNEJF/UFF) e os dados epidemiológicos e clínicos dos prontuários médicos dos pacientes no HUAP. As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software SPSS versão 20.0. As associações entre as variáveis foram realizadas por correlação de Pearson e foram considerados significativos os valores p <0,05. Foram avaliados 92 indivíduos, sendo o sexo feminino e o diagnóstico de DC mais predominantes e maioria de jovens adultos. Quanto ao estado nutricional, a maior parte encontrava-se eutrófica segundo IMC e uma parcela importante apresentava-se com sobrepeso ou obesidade e risco cardiovascular segundo o PC. Os pacientes com DC apresentaram maior quantidade de TAV do que os com CU. As medidas de PC se relacionaram positivamente com o TAV em todos os grupos, sendo as associações mais fortes nos pacientes com CU do que com DC. Esses achados reforçam a aplicabilidade da medida de PC na prática clínica de rotina dos pacientes com DII, como alternativa à falta de acesso, alto custo e radiação provenientes dos métodos de referência para determinação de TAV.