O impacto do consumo excessivo e crônico de sódio como agente agressor no ventrículo esquerdo de ratos adultos que realizam exercício físico

Abstract

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um nível de consumo de sal pela população adulta de menos de cinco gramas por dia para prevenção de doenças cardiovasculares (DC). A prática de hábitos alimentares adequados aliados a prática do exercício físico são considerados como um dos principais mecanismos de proteção ao surgimento e à progressão dos fatores de risco predisponentes às DC. O trabalho objetiva avaliar os efeitos cardioprotetores do exercício em possíveis alterações no ventrículo esquerdo (VE) advindas do consumo excessivo e crônico de solução de NaCl à 1% em ratos Wistars adultos, aos 180 dias de vida. Ao desmame filhotes machos, de mães que receberam dieta controle (AIN-93G), durante a lactação, foram separados em quatro grupos (n=6/grupo), todos recebendo ração comercial: Controle + H2O (GC); Controle + NaCl 1% (GCNACL); Controle + H2O + Exercício (GCEX); e Controle + NaCl 1% + Exercício (GCNACLEX). Durante os 180 dias foi realizada a pesagem dos animais, a determinação da ingestão diária de ração, a ingestão de H2O e solução de NaCl 1%, o consumo de sódio (Na), com início aos 90 dias de vida a pressão arterial sistólica (PAS) (Pletismógrafo V1.10– Insight®), e com início aos 90 dias de vida o exercício físico, durante uma hora por dia, cinco vezes por semana, com velocidade de 10m/min (Avs Projetos®). Após receberem anestesia e analgesia e sofrerem punção cardíaca aos 180 dias de vida, os animais foram submetidos à incisão mento-pubiana com subsequente abertura das cavidades torácica e abdominal. O sangue seguiu para análise do Na sérico (Benfer®) e o coração para as análises histológicas. Análises estatísticas foram realizadas no GraphPad Prism 5.0 com nível de significância de p≤0,05, com adicionais testes. A variação de massa corporal e a ingestão de ração não foram alteradas entre os grupos ao longo do estudo (p = 0.7513 e p = 0.3012, respectivamente). Houve maior consumo de Na e maior ingestão hídrica no GCNACL e GCNACLEX quando comparados ao GC e GCEX (p <0.0001 e p <0.0001, respectivamente). A oferta de solução salina não foi capaz de induzir o aumento da PAS no GCNACL e GCNACLEX (p = 0.7231), e o aumento de Na sérico (p = 0.9313). Não foram significativos os valores dos pesos absolutos e relativos do coração (p = 0.6009 e p = 0.4748) e da espessura do VE (p = 0.8907), entretanto, houve aumento numérico da espessura do VE nos grupos GCEX e GCNACLEX. Microscopicamente foi possível observar dano à estrutura celular com desorganização das fibras musculares no GCNACL e GCNACLEX. Ademais, o GCNACLEX apresentou maior densidade de colágeno no VE quando comparado ao GC e GCEX (p <0.0001), o que sugere remodelamento na histoarquitetura do VE. Portanto, não foi possível observar efeitos cardioprotetores do exercício em possíveis alterações no VE advindas do consumo excessivo e crônico de solução de NaCl 1% em ratos Wistars, aos 180 dias de vida. Dessa maneira, estudos futuros para melhor elucidação quanto à cardioproteção advinda da pratica regular de atividade física são necessários.