Estado, segurança e paramilitarismo na Colômbia: a desmobilização das AUC durante o Governo Uribe

Abstract

Desde a criação do Estado Nacional na Colômbia, as guerras civis têm permeado o cotidiano de sua população em todo o território nacional. A partir do estudo da Colômbia contemporânea e das diversas ondas de violência que assolaram o país durante o século XX, este trabalho ater-se-á à discussão da emergência do paramilitarismo, variado dos grupos de autodefesa e da contrainsurgência, e a desmobilização das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) durante o governo de Álvaro Uribe Vélez (2002-2010). Os grupos de autodefesa existentes na Colômbia entre o início do século XX e a primeira década dos anos 2000, nem sempre foram tratados conceitualmente de grupos paramilitares. É importante entender, entretanto, que ater-se a um conceito engessado de "paramilitares", concentrando-se na questão da contrainsurgência, reduz a possibilidade de assumir como paramilitares, unidades armadas com certo grau de institucionalização e hierarquia dos mais diversos matizes que surgiram no país nesse ínterim. Para tanto, assumir-se-á como ápice e consolidação do paramilitarismo na Colômbia, o surgimento ou a emergência das Autodefensas Unidas de Colombia (AUC) entre meados e fim dos anos 1990, que coincide com a ascensão política de Álvaro Uribe Vélez na Colômbia. Quando eleito para a presidência do país, o governo do presidente Uribe propõe e leva a cabo uma desmobilização paramilitar que, com seus prós e contras, aumenta a popularidade do governo e dá nova dinâmica à atuação do Estado no país. Destarte, esta dissertação propõe analisar, mediante as proveniências e as emergências do paramilitarismo, como a desmobilização das AUC tornou possível o fortalecimento do Estado colombiano frente ao conflito interno.