Imunoexpressão do CCR7 em carcinomas de células escamosas em língua e assoalho de boca com e sem metástases em linofodos cervicais

Abstract

A presença de metástase em linfonodos cervicais tem se destacado como principal fator de pior prognóstico e menor sobrevida para o carcinoma de células escamosas oral (CCEO). A metástase é um processo complexo, que resulta das interações de células malignas com o microambiente tecidual. A interação quimiotática entre o CCR7, expresso no tumor, e o seu ligante CCL21, expresso nos linfonodos cervicais (órgão-alvo), apresenta-se como um mecanismo quimiotático de células tumorais. A imunopositividade do CCR7 está associada à presença de metástase em linfonodos cervicais. O objetivo geral desse estudo foi avaliar e comparar a imunoexpressão da proteína CCR7 em carcinomas de células escamosas primários em língua e assoalho de boca e nos respectivos linfonodos cervicais em pacientes com e sem metástase cervical. O estudo foi retrospectivo e descritivo que utilizou material em parafina referentes a peças cirúrgicas de CCEO localizados em língua e assoalho de boca, submetidos à cirurgia associada ao esvaziamento cervical e seus linfonodos cervicais, diagnosticados no INCA, em 2001. Os dados sócio-demográficos e clínico-patológicos foram registrados. As lâminas dos CCEO foram reavaliadas em HE para confirmação do diagnóstico e aplicação das classificações histopatológicas da OMS e AHR. Os linfonodos foram reavaliados em HE quanto à presença ou não de metástases e essa análise complementada com recortes semi-seriados corados em HE e reação imuno-histoquímica (IHQ) utilizando o anticorpo anti-citoqueratina AE1/AE3 nos linfonodos cervicais níveis I, II e III, considerados livres de metástases. Com esses resultados a população de estudo foi dividida em dois grupos: sem metástase (SM) e com metástase (CM). Em seguida, foi avaliada a imunoexpressão do CCR7 em tumores e linfonodos metastáticos. Os resultados IHQ qualitativos foram correlacionados aos dados sócio-demográficos e clínico-patológicos. Foram coletados os dados de 524 pacientes no ano de 2001 que após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram eliminados 483 pacientes, obtendo a população de estudo final 41 pacientes. Os recortes em HE e a pan-CK AE1AE3 realizados em 29 pacientes evidenciaram três metástases (10,3%) e duas micrometástases (6,9%) nos linfonodos cervicais dividindo a população de estudo em grupo SM (24 pacientes) e grupo com metástase (17 pacientes). A associação das variáveis entre os grupos revelou significância estatística com o estadiamento patológico (p=0,001). A expressão do CCR7 no tumor apresentou tendência significativa nas associações entre os grupos (p=0,058) e com a espessura (p=0,051). No grupo SM, a pior sobrevida global foi significativa para pacientes não etilistas (p=0,0001), não-tabagistas (p=0,0002) com cT III e IV (p=0,004) e AHR de baixo risco (p=0,0001). No grupo CM, houve pior sobrevida global em pacientes com histórico de câncer na família (p=0,0075) e presença de recidiva (p=0,014). A sobrevida livre de doença foi pior apenas no grupo SM, em pacientes não-etilistas (p=0,0116) e AHR baixo risco (p=0,039). CCE em língua e assoalho de boca apresenta metástases ocultas com alta frequência (29,3%). O recorte dos linfonodos associado à reação da pan-CK AE1AE3 é uma importante ferramenta complementar, na detecção de metástases linfonodais. A expressão positiva do CCR7 nos tumores apresentou tendência significativa para metástase em linfonodos cervicais e espessura do tumor. A imunoexpressão da quimiocina CCR7 mostra-se maior em tumores de pacientes que apresentam metástase cervical devendo ser mais investigada como potencial biomarcador de metástase cervical e prognóstico para CCEO