Estudo da evolução microestrutural e da textura cristalográfica do aço UNS S32304 após laminação a frio e posterior recozimento

Abstract

Os aços inoxidáveis dúplex conhecidos como lean dúplex apresentam baixos teores de elementos de liga, geralmente níquel e molibdênio, em relação aos aços dúplex comuns. Essa composição química permite, principalmente, que essa nova categoria de dúplex tenha baixo custo e excelentes propriedades mecânicas. Sendo assim, os lean dúplex estão frequentemente sendo empregados tanto na construção civil quanto em chapas para containers na indústria de papel. Por isso, seu estudo sob diferentes condições que simulam os principais processos industriais é tão importante. Logo, este trabalho de dissertação teve como principal objetivo estudar a evolução microestrutural e da textura aço inoxidável lean dúplex UNS S32304 considerando a seguinte sequência de processamento: laminação a quente, laminação a frio e recozimento. A partir da técnica de EBSD, obteve-se resultados de mapeamento de Kernel, de textura e mesotextura para todas as condições estudadas. Além disso, micrografias via microscopia óptica foram analisadas. A ferrita após laminação a quente (condição como-recebido), a frio e tratamento térmico de recozimento apresentou forte fibra a e uma fraca e, algumas vezes, incompleta fibra g, enquanto a austenita apresentou a componente Latão de forma mais intensa e as componentes Cubo, Cobre, S e Goss com médias e baixas intensidades. Resultados complementares, como os mapeamentos de Kernel e mesotextura, indicaram que depois do recozimento a ferrita encontrou-se no estado parcialmente recristalizado e a austenita totalmente recristalizada. Por fim, por meio de análises via microscopia óptica, observou-se uma estrutura típica de aço inoxidável dúplex, com lamelas alternadas de ferrita e austenita, que se tornaram cada vez mais finas com o aumento da redução a frio. Ademais, transformação martensítica induzida por deformação na austenita foi observada após trabalho a frio. Nos tempos iniciais de recozimento, a estrutura, principalmente da ferrita, se apresentou mais alongada, se tornando mais próxima de equiaxial após tempos maiores de exposição. Os resultados obtidos foram de acordo com os reportados na literatura e o sequenciamento de processos metalúrgicos considerados não influenciou na evolução das texturas de deformação e recristalização das fases ferrita e austenita.