Viagens e narrativas sobre gênero e sexualidade na (des)formação docente: (re)invenção de mim e de nós

Abstract

O textotese (des)tece resultados de uma pesquisaviagem sobre formação de professoras/es na perspectiva do Curso Ensino e gênero: perspectivas transversais, desenvolvido na Bacia do Jacuípe, mais especificamente em Mairi, Bahia. Textotese alinhavado por fios narrativos, assumindo as narrativas como singularesplurais e individuaiscoletivas, registradas por meios das conversas com professoras e equipe gestora que atuaram como cursistas e coordenadoras da formação. Conversas entendidas como um dispositivo de pesquisaviagem que se configurou como uma possibilidade contra-hegemônica para pensarpraticar a produção de conhecimento científico mais rizomática e ecológica ao mesmo tempo em que possibilitou a escuta, a presença, o reconhecimento dos “eus” e dos “nós” como indispensáveis no processo da pesquisa narrativa. A pesquisa narrativa como método de investigação possibilitou compreender as narrativas como um movimento de investigaçãoformação, podendo ser tanto um acontecimento como um método. A narrativa é o acontecimento em movimento. Nessa direção, a pesquisa narrativa contribui com a ruptura da visão reducionista do processo e percursos de (re)construção do conhecimento e nos aproxima das primícias de pensarviversentir a vida e a profissão. Método como traçado, feito ao caminhar, por isso, capaz de apontar novos-outros caminhos sempre (re)inventados e (re)criados nas experiências, nas multiplicidades, nas singularidades, nas relações cotidianas e no ato de pesquisarviajar. Desse modo, trabalhar com conversas e narrativas, como dispositivo da pesquisaviagem, é um convite à produção de outros processos de (des)formação docente experienciados pelas professoras no Curso Ensino e Gênero: perspectivas transversais. A presente pesquisaviagem tem como objetivo central trazer à cena os modos como os saberesfazeres do Curso Ensino e gênero: perspectivas transversais interpelaram as professoras cursistas, (des)construindo verdades e as (re)posicionando cotidianamente em suas práticas pedagógicas. Não me propus, ao chegar ao porto, dar a pesquisaviagem como encerrada e elaborar uma consideração final, mas apontar pistas e indícios de fios narrativos que sinalizam para processos de (des)formação como espaçotempo de possiblidades, de desmantelamentos e de desenquadramentos de uma visão monocultural de produzir conhecimentos, saberes, de perceber e valorizar corposvidas que em suas multiplicidades e diferenças se recusam a assumir uma identidade-forma única como modos de serestar no/com o mundo. Corposvidas que se insinuam entre tessituras, disputas, conexões e tramas múltiplas potencializadas nas negociações, hibridizações, no entre, nos intermezzos onde pulsam devires e (re)existências. As pistas resultados do estudo apontam ainda para escapes, linhas de fugas, negociação, transformando e (re)inventando corposvidas vão se produzindo as potências da vida sempre em devir, em estado de inacabamento, em aberto, ou seja, corposvidas performances que (re)existem e operam a partir de novas hibridizações e que mudam com o mundo e com os devires das (des)arrumações do território existencial que vão constituindo nossa maneira de serestar no mundo, de vivê-lo e problematizá-lo.