Ser a fiel da balança: uma geobiografia das mulheres quilombolas na Paraíba

Abstract

A Tese trata-se de uma pesquisa qualitativa etnográfica que visa compreender a relação de gênero e território nos processos de r-existências de três mulheres lideranças quilombolas na Mata Sul da Paraíba, dos quilombos de Paratibe (JOÃO PESSOA – PB), de Mituaçú (CONDE-PB) e Ipiranga (CONDE – PB). A partir da geobiografia destas buscou-se a relação interseccional de suas r-existências nas arenas públicas na Paraíba à luta pelo bem-viver em seus territórios ancestrais. Com isso buscamos entender de que modo às questões de gênero e território inter-relacionam com os efeitos do racismo estrutural no corpo-território dessas lideranças a partir da micro-escala geográfica que nos possibilita entender as outras falas das mulheres quilombolas na Paraíba. Dando ênfase à articulação das mulheres quilombolas no Brasil e na Paraíba a fim de demilitar o modo como elas usam seu lugar de fala para trazer as narrativas decoloniais. Do ponto de vista teórico nos aproximamos das Geografias de Gênero, Negra, feminista e Decolonial para pautar a base da nossa análise, somando-se a discussão de território, de racismo estrutural, de quilombo e principalmente da relação corpo-território. Realizamos nesta pesquisa uma revisão bibliográfica e documental, consultamos arquivos públicos, redes sociais, sites dos movimentos sociais e de órgãos estatais a fim de contextualizar a questão quilombola no Brasil com ênfase na Paraíba. Realizamos também coleta dados a partir de entrevistas, depoimentos e registro de falas em arenas públicas de 11 lideranças quilombolas paraibanas analisadas a partir das técnicas da análise de conteúdo visando compor a relação do gênero e território na luta das mulheres quilombolas na Paraíba. Que nos possibilitou compreender como as questões de gênero e território estão presentes nos processos de r-existência das mulheres quilombolas que ao tornarem-se lideranças movimentam as estruturas para continuarem existindo.