Saberes de pais e responsáveis de escolares em Niterói-RJ sobre pediculose

Abstract

A pediculose é uma ectoparasitose determinada por piolhos da espécie Pediculus capitis e infesta o couro cabeludo de humanos. É uma doença de grande relevância para a saúde pública, embora apresente maior prevalência em escolares. O conhecimento escasso ou errôneo de pais e ou professores, entre eles os mitos sobre a transmissão e o tratamento, prejudicam o acesso à informação correta e a prevenção da pediculose. Existe o constrangimento sofrido pelas crianças e seus responsáveis pela parasitose ser erroneamente atrelada a más condições de higiene, além do sofrimento pelo prurido intenso e comorbidades relacionadas, dificultando a atenção e a aprendizagem. Mediante este contexto, o objetivo geral desse estudo foi analisar os saberes sobre pediculose entre os pais/responsáveis por escolares do ensino fundamental I em Niterói-RJ. A identificação de saberes foi realizada por meio de questionário/formulário aplicado a pais/responsáveis de duas escolas municipais de Niterói, que assinaram os termos de consentimento livre e esclarecido, sendo uma localizada no Ingá e outra no Morro do Estado, que totalizavam 398 escolares. As perguntas abertas foram categorizadas e classificadas como corretas, incorretas ou parcialmente corretas. Dentre os escolares, 32,7% (130/398) dos pais/responsáveis responderam ao questionário/formulário, sendo a adesão numericamente maior na Escola Municipal situada no Morro do Estado. Em ambas escolas, os pais e mães apresentaram, considerando a maioria das crianças participantes, ensino médio completo, sendo que na Escola A diferente da Escola B, 16,6% dos pais e 25,9% das mães apresentavam ensino superior completo. A maioria dos pais/responsáveis relatou que as crianças já haviam tido piolho (72,3%) e destas, 67% apresentaram pediculose mais de uma vez. Considerando a renda familiar a maioria apresentou renda entre R$1000,00 e R$2000,00. Quando questionado sobre a transmissão de piolhos 44,6% dos respondentes soube a resposta correta. Dentre os que responderam de forma incorreta, 11 responderam que seria pelo ar/vento e 15 que seria voando. Na escola B a transmissão foi associada a sangue doce por cinco pessoas. Já considerando o tratamento, 43,1% respondeu de forma correta, havendo diferença entre as duas escolas. De forma incorreta foi apontado a lavagem da cabeça, cortar o cabelo e isolar a criança. Quanto a presença do piolho ser considerada como doença, 41,5% relacionou que só seria doença se tivesse grande quantidade e relataram que é um processo comum, não sendo sinal de doença. Dos participantes, 50 % responderam que ter piolho é prejudicial à saúde, com divergência entre as duas escolas e 46,9% declararam que a pediculose naturalmente acontece, não estando relacionada a falta de higiene. A maioria dos pais/responsáveis relataram que crianças infestadas sentem vergonha (82,3%) e que o local mais fácil de aquisição da parasitose seria a escola (63,1%). Pode-se observar pela análise dos resultados obtidos que os conhecimentos dos pais e escolares de Niterói são fragmentados, o que torna essencial o desenvolvimento de ações educativas. Cabe ao profissional enfermeiro por meio das falhas identificadas neste estudo construir estratégias individuais e/ou comunitárias para fortalecer o conhecimento dos pais/responsáveis considerando principalmente as questões de transmissão e tratamento sincronizado de forma a contribuir efetivamente para o controle dessa ectoparasitose.