Avaliação técnica e econômica da co-digestão de esgoto sanitário com resíduos alimentares de uma estação de tratamento

Abstract

A co-digestão de esgoto sanitário e resíduos alimentares triturados é uma tecnologia já utilizada nos Estados Unidos e em alguns países da Europa e sua utilização tem sido feita não só com o intuito de reduzir os impactos ambientais da disposição da matéria orgânica em aterros sanitários, como também de aproveitar o potencial energético desses resíduos no seu tratamento por tecnologia anaeróbia. No Brasil, diversos sistemas de tratamento de esgoto sanitário tradicionais possuem um potencial de recebimento de carga orgânica extra. No entanto, a dificuldade em conduzi-la se torna um desafio, pois vai de encontro nas questões técnicas e econômicas. Além disso há preocupações em relação a sobrecarga do sistema de esgotamento sanitário e a alteração do processo como um todo. Diante do cenário exposto, a presente pesquisa visou avaliar a influência da introdução de resíduos alimentares triturados em uma Estação Compacta de Tratamento de Esgoto Sanitário (ECTES), compreendida de um reator anaeróbio de fluxo ascendente, com pós tratamento de lodos ativados. Para tanto, foram avaliados a estrutura, os procedimentos operacionais, os dados de monitoramento da estação e a geração de resíduos alimentares do restaurante da fábrica. Também foi utilizado um sistema de tratamento em escala laboratorial constituído de um reator anaeróbio (10 litros) e um reator aeróbio (9,75 litros) no qual foram utilizados a concentração de 1,08 gramas de resíduos alimentares por litro de esgoto sanitário para tratamento, sendo operados durante 230 dias com o tempo de detenção hidráulica de 24 horas para cada reator. Na análise de viabilidade econômica, foi realizado o cálculo do Custo Anualizado Uniforme Equivalente (CAUE), no qual foram considerados o investimento inicial, os custos anuais de manutenção e o valor residual dos equipamentos ao final de 5 anos. A caracterização da estrutura da ECTES juntamente com as análises dos dados de operação e monitoramento permitiram compreender que a estação opera com sua carga abaixo do que foi projetada demostrando um potencial de recebimento de carga orgânica extra para tratamento. Os resultados apresentados do sistema em escala laboratorial foram satisfatórios e obteve remoção média de DQO de 73%. Em termos de sólidos suspensos totais, a remoção média foi de 75%. Na análise de viabilidade econômica do projeto foi possível calcular um CAUE de R$ -5.306,32. O trabalho permitiu compreender que a adição de resíduos alimentares em estações de tratamento de esgoto sanitário já existentes se torna uma alternativa interessante e os custos associados a adaptações e manutenções necessárias para o tratamento, se tornam atrativas em relação as outras alternativas.