Narrativas do passado: teoria da história e literatura de testemunho

Abstract

A pesquisa busca expor as implicações entre história e verdade a partir dos debates intelectuais que seguiram a virada linguística. Sem uma referencialidade historiográfica ancorada em pressupostos éticos e em princípios metodológicos coerentes com as lutas políticas e socias de seu tempo, o amplo espaço aberto no pós-guerra onde se expõe a centralidade da ficção na cultura moderna, acaba por minar a capacidade de se formarem consensos a partir dos quais temas como o do holocausto e o das ditaduras civis-militares na América do Sul possam ser compreendidos sem falsificações ou distorções. Ao lado do debate ético, a discussão estética foi levada em consideração no uso da análise de romances e escritas autobiográficas. Se o tempo passado pode ser objeto de indagações somente através de um poderoso escrutínio intelectual, o tempo narrado tem os seus deslocamentos próprios que vêm complementar e explicar as aporias que a abordagem ética acaba por criar. Mais do que ver uma contradição entre os dois regimes de escrita, a pesquisa busca demonstrar que não existe um tempo que se foi e um tempo a ser narrado, mas que os dois existem simultaneamente.