O FUTEBOL BRASILEIRO COMO SOFT POWER: UM ESTUDO DE NARRATIVAS JORNALÍSTICAS E CINEMATOGRÁFICAS
Narrativas
Soft power
Futebol
Jornalismo esportivo
Narrativa
Brazilian football
Narratives
Soft power
Resumo
Esta tese investiga como os meios de comunicação nacionais e internacionais mediam a experiência esportiva futebolística brasileira e qual potencial de influência esse processo ganha no cenário global. Supõe-se que o conjunto de representações sedimentadas pela mídia possibilitou o uso do futebol brasileiro como ferramenta de soft power, isto é, “com a capacidade de influenciar uma nação via aportes culturais ou ideológicos” (Nye, 2004), ocorrido especificamente durante o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010), a partir da instrumentalização do Jogo da Paz, partida futebolística entre Brasil e Haiti em agosto de 2004. Ou seja, acreditamos que tal influência foi construída historicamente não por políticas de Estado, mas por elos narrativos envolvendo diversos protocolos midiáticos (reportagens, filmes de ficção, documentários etc.) nos quais percebe-se uma intensa recorrência sobre a singularidade do estilo de jogo brasileiro. Nesse sentido, investigamos como os meios de comunicação nacionais e internacionais promovem um movimento de repetição e atualização de determinadas construções narrativas que reiteram a força dos mitos constitutivos do futebol no Brasil, como a democracia racial a partir do papel do negro (Filho, 2010), os atributos do futebol-mulato (Freyre, 1938), a simbologia da Pátria de chuteiras (Rodrigues, 1993), a idolatria nacional (Helal, 1998), as Copas do Mundo como ritual nacional (Guedes, 2006) e o Brasil como país do futebol (Toledo, 2000). Para empreender tal estudo, adotamos como fio condutor da análise um corpus de pesquisa formado principalmente por publicações jornalísticas do The New York Times de 1950 a 2002 e pelo documentário “O dia em que o Brasil esteve aqui”, que trata especificamente da cobertura do Jogo da Paz em 2004, em conjunto com publicações sobre esta partida também divulgadas pelo jornal americano. Duas estratégias metodológicas se fazem presentes para englobar a investigação. A primeira utiliza parte dos procedimentos de análise de narrativa (Motta, 2013) e a segunda o referencial analítico de Vuving (2009) a respeito de como se constitui soft power. Os resultados mostram a repetição de esquemas narrativos gestados na imprensa brasileira e reproduzidos no exterior (The New York Times), uma razão favorável para solidificação de aspectos notáveis da seleção brasileira. Tais narrativas possuem elos com o aporte bibliográfico nacional (acadêmico e não acadêmico), mais reforçando do que rechaçando narrativas recorrentes associadas ao futebol nacional, como a ideia de “país do futebol”, “futebol-arte” e “celeiro de craques”. Assim sendo, as narrativas que perpassam o jornalismo e o cinema sobre o futebol nacional não são disruptivas, elas reforçam determinadas alegorias positivas em detrimento de outras. Nesse sentido, constatamos como as narrativas míticas são fundamentais para a propagação do futebol brasileiro como soft power. O Jogo da Paz, visto pelo documentário “O dia em que o Brasil esteve aqui”, confirma a instrumentalização desse poder pelo governo brasileiro e demonstra o brasileiro como “bombagai”, gente boa, e o futebol como belo e brilhante. Tomados em conjunto, o potencial do futebol brasileiro como soft power consiste na construção, divulgação e manutenção de narrativas sobre si para outras nações.
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Tipo de documento
TeseFonte
REIS, Rodrigo Nascimento. O futebol brasileiro como soft power: um estudo de narrativas jornalísticas e cinematográficas. 2022. 223f. Tese (Doutorado em Comunicação) - Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Instituto de Arte e Comunicação Social, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2022.Assunto(s)
Futebol brasileiroNarrativas
Soft power
Futebol
Jornalismo esportivo
Narrativa
Brazilian football
Narratives
Soft power