PROPOSTA DE PROTOCOLO SANITÁRIO PARA RATOS E CAMUNDONGOS DE LABORATÓRIO: O CASO DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Pedro, Desenir Adriano | Posted on:
2022
Abstract
Os programas sanitários para animais de laboratório (AL) representam um enorme
desafio nas instituições do Brasil. Estes programas determinam as condições de
saúde dos animais, que refletem em seu bem-estar e impactam nos resultados
experimentais das pesquisas brasileiras. A legislação brasileira não normatiza
como deve ser realizada a vigilância da sanidade dos AL, enquanto a literatura
evidencia que muitos patógenos ainda são bastante prevalentes nas instalações de
AL do país. O monitoramento dos biotérios brasileiros tem órgãos internacionais
como referência, que podem não atender à realidade epidemiológica dos
biomodelos animais do Brasil. A Universidade Federal Fluminense (UFF) possui
instalações de ratos e camundongos localizadas em diferentes unidades e campi
da instituição. Os animais são utilizados em atividades de ensino e pesquisa na
UFF, além de serem fornecidos a outras instituições, legalmente estabelecidas e
aptas ao uso de AL. Considerando a carência no Brasil de normatização e de
diretrizes para o controle sanitário dos AL e a necessidade de implantar um
protocolo adequado para a vigilância da sanidade dos animais da UFF, o objetivo
deste estudo foi apresentar um programa de monitoramento da saúde e de
preservação da biossegurança para as colônias de ratos e camundongos de
laboratório da Universidade. Este estudo foi desenvolvido a partir de consulta a
livros, trabalhos científicos disponíveis em bases de dados, protocolos sanitários
praticados por outras instituições e investigação da legislação nacional vigente.
Após a análise dos documentos, observou-se que a legislação nacional inclui a
saúde como um parâmetro de bem-estar dos AL, embora não normatize o seu
monitoramento. Os protocolos internacionais voltados ao controle sanitário de ratos
e camundongos abordam os patógenos a serem pesquisados, a periodicidade das
análises e as metodologias diagnósticas, entretanto não compreendem
determinados patógenos que podem ser prevalentes no Brasil, além de não
abordarem medidas de biossegurança. Os custos para a terceirização das análises
no Brasil são altos e a oferta do serviço é restrito a algumas regiões. Estudos
evidenciaram a ocorrência, principalmente, dos seguintes microrganismos:
Syphacia spp. (61%), Klebsiella spp. (60%), Pseudomonas spp. (60%),
parvoriroses (57%) e Theiler's murine encephalomyelitis viruses (TMEV) (57%) em
amostras de camundongos, e de Syphacia spp. (64%), Mycoplasma spp. (63%),
parvoviroses (40%), Reovirus type 3 (40%) e TMEV (40%) em amostras de ratos,
demonstrando a necessidade do monitoramento sanitário rotineiro. Ademais, foi
constatada a ocorrência de contaminantes em amostras ambientais e dos
bioteristas nas colônias, o que infere ser igualmente importante o exame acurado
das instalações no controle sanitário. Os dados coletados durante o estudo foram
compilados e integram o relatório técnico-científico intitulado “Programa UFF de
Monitoramento da Saúde e Preservação da Biossegurança para as Colônias de
Ratos e Camundongos de Laboratório”, com 54 páginas, que visa orientar sobre os
aspectos referentes ao acompanhamento e à manutenção da saúde animal, de
modo a nortear a execução periódica do controle sanitário, bem como assegurar o
bem-estar animal e a sua qualidade, enquanto biomodelos experimentais. O
programa sanitário resultante deste trabalho pode, portanto, contribuir de forma
importante para a manutenção da qualidade e do bem-estar dos animais da UFF.
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