Desafios e soluções na porta de entrada: a atenção primária em saúde no combate à Covid-19

Abstract

A COVID-19 foi identificada como uma pandemia em março de 2020, estimulando medidas de mitigação de propagação viral ao mesmo tempo que eram iniciados estudos sobre vacinas e tratamentos medicamentosos, além de ações de combate à pandemia nos variados níveis de atenção, incluindo a atenção primária em saúde (APS). Por isso, o objetivo deste trabalho é investigar o impacto da pandemia da COVID- 19 no âmbito da atenção primária no Brasil. Trata-se de uma revisão narrativa da literatura incluindo diversos desenhos de estudo nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola disponíveis nas bases de dados PUBMED e SciELO, bem como outros referenciais bibliográficos reconhecidos na Saúde Coletiva. A atenção primária funciona como porta de entrada aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e é capacitada para lidar com a recente pandemia pelo SARS-CoV-2. Sabe-se que a maior quantia de recursos financeiros e tecnológicos foi repassada a hospitais e grandes centros de saúde. No entanto, políticas de investimento na atenção primária, como o treinamento das equipes de saúde voltado para pandemia e uso da telemedicina, contribuiriam para reduzir a procura pelos serviços de emergência e, assim, mitigar o colapso dos demais serviços de saúde sem interferir na continuidade do atendimento longitudinal de grupos prioritários, como gestantes, recém-nascidos e pessoas com multimorbidades. As mazelas causadas pela pandemia evidenciam que a APS é um nível de atenção capaz de manejar casos leves de COVID-19 e referenciar os casos realmente graves ou em potencial de gravidade a fim de evitar a saturação dos outros níveis de atenção mais especializados. A inovação no atendimento à população e a readaptação de rotinas das equipes de saúde são os diferenciais para o manejo adequado da pandemia sem negligenciar a população sem queixas relacionadas à COVID- 19.