QUANDO OS INVISIBILIZADOS FALAM: LUTAS TERRITORIAIS, VIOLÊNCIA INSTITUCIONALIZADA E FEITA PELAS MÃOS DO PODER PRIVADO NOS CONFLITOS POR TERRA BRASIL (1985-2017)
Questão Agrária
Violência
Movimentos Sociais
Conflito pela terra
Territorialidade humana
Movimento social
Reforma agrária
Conflicts
Agrarian question
Violence
Social movements
Abstract
A sociedade brasileira é marcada pelos conflitos por terra. No entanto, grande partes dos que
interpretam a questão agrária brasileira não levaram em conta os envolvidos nos conflitos,
realizaram análises apriorísticas privilegiando o desenvolvimento do capitalismo.
Compreender a questão agrária brasileira e a violência contra quem luta pela terra/território e
pela reforma agrária a partir dos envolvidos nos conflitos por terra foi esforço feito nesta
pesquisa. As leituras dos chamados clássicos da questão agrária, como também de pensadores
brasileiros que dedicaram seus tempos a estudar a questão agrária brasileira são fundamentais
para compreender como o campo brasileiro foi pensado e analisado. O conceito de Conflitos,
espinha dorsal deste estudo, é fundamental para entender a questão agrária brasileira a partir
dos envolvidos nos conflitos. Os conflitos por terra no Brasil são as contradições concretas,
vividas no campo brasileiro. O caminho analítico onde o tempo e o espaço se encontram
mostrou-se eficaz. Para análise dos conflitos pela terra no Brasil utilizamos os dados dos
conflitos por terra do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino da CPT. Foram 25.576
ocorrências de conflitos por terra nesses 33 anos estudado, 9.708 localidades com algum tipo
de conflito, envolvendo 2.429.761 famílias, do Norte ao Sul e de Leste ao Oeste do Brasil. O
fato é que, em média, todos os anos, 442 localidades têm conflitos, com 72.372 famílias
envolvidas e 775 ocorrências registradas. Reafirmamos aqui que o conflito é a expressão, a
parte visível e pública das contradições existentes entre grupos sociais e indivíduos, sendo,
portanto, os conflitos por terra a expressão das contradições das relações sociais e de poder no
campo brasileiro. Nos conflitos, não há apenas a negatividade (um grupo não é o outro ou um
grupo contra o outro), mas, sobretudo, seu caráter positivo, capaz de indicar o que de novo
surge destas relações conflituosas, o que um grupo subalternizado traz de novo ao vivenciar o
conflito. O conceito de (Re) existência também toma sua relevância, pois a luta pela
existência de povos e comunidades é a luta para garantir um jeito próprio de estar na terra,
uma forma própria de territorialidade. Por mais que os grupos e movimentos sociais do campo
tenham lutado para terem acesso à terra e para permanecerem nos territórios, o processo de
desterritorialização camponesa marcou os últimos 33 anos de luta pela terra no Brasil. O outro
processo em curso nos conflitos por terra é o de reterritorialização. Apesar de toda violência
sofrida, pelo poder do Estado e pelo poder Privado, os grupos e movimentos sociais do campo
insistem em viver e continuarem camponeses e povos originários. Pra quem acha que a
questão agrária brasileira está resolvida, recomenda-se olhar para os que estão pondo o
agrário brasileiro em questão.
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TeseSource
SILVA JÚNIOR, José Plácido da. Quando os invisibilizados falam: lutas territoriais, violência institucionalizada e feita pelas mãos do poder privado nos conflitos por terra Brasil (1985-2017). 2019. 191 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2019.Subject(s)
ConflitosQuestão Agrária
Violência
Movimentos Sociais
Conflito pela terra
Territorialidade humana
Movimento social
Reforma agrária
Conflicts
Agrarian question
Violence
Social movements