Relações sistêmicas na bacia do rio Imbé-Ururai (RJ) e seus reflexos nas inundações

Abstract

Inundações são fenômenos que atingem grande parte do planeta Terra. Em países subdesenvolvidos de clima tropical úmido, como o Brasil, seus impactos sobre o ambiente urbano têm chamado mais atenção em detrimentos dos seus efeitos sobre o meio rural. Não são recentes as intervenções antrópicas nas bacias de drenagem para o controle das inundações, gerando novos arranjos espaciais. As medidas para o controle de cheias no Brasil geralmente não vêm acompanhadas de estudos adequados de natureza integrada, o que, em certos casos, além de não resolver a problemática das inundações, pode pontencializá-las. Neste sentido, assumiu-se para esta tese os seguintes questionamentos centrais: quais os fatores controladores para a ocorrência das inundações na bacia de drenagem do rio Imbé-Ururaí, estado do Rio de Janeiro? Quais os usos da terra sujeitos aos efeitos das inundações e por quê? Quais as mudanças no uso da terra e cobertura vegetal no período compreendido entre 1985 e 2015? Para que os questionamentos fosse respondidos, objetivou-se durante o trabalho compreender a ocorrência das inundações na bacia de drenagem do rio Imbé-Ururaí atentando para seus efeitos sobre o uso da terra e cobertura vegetal. Em função da sua natureza integradora, adotou-se como base teórico-metodológica a complexidade, posta em diálogo com a teoria geral dos sistemas. Os resultados indicam que, muito embora tenham realizado intervenções antrópicas na área de estudo, as variáveis físicas (declividade + evelação + densidade de drenagem + precipitação) são as principais controladoras da ocorrência de inundações, tendo sobre os usos da terra de atividade rural (pastagem e cultura) os principais impactos. Por fim, espera-se que este estudo possa contribuir como fonte de conhecimento para o ordenamento territorial-ambiental na área de estudo, sendo necessário demais estudos onde possam ser testadas outras variáveis (ex: capacidade de infiltração da água nos solos, série histórica das vazões e movimento vertical do lençol freático), inexistentes na atualidade.