A imobilidade tônica e a culpa como fatores de vulnerabilidade para o TEPT

Abstract

Apesar das evidências que associam a reação peritraumática de imobilidade tônica e a culpa como fatores de vulnerabilidade à sintomatologia de TEPT, essa questão não foi investigada especificamente em amostras de adolescentes. O presente trabalho teve como objetivo principal investigar dois possíveis fatores de vulnerabilidade para a sintomatologia do TEPT, a imobilidade tônica e a culpa, em uma amostra de adolescentes de São Gonçalo - RJ, uma cidade com altos níveis de violência. A amostra foi composta por alunos do 9o ano que frequentavam escolas públicas e privadas. Sintomas de estresse pós-traumático, imobilidade tônica e culpa foram avaliados através de versões adaptadas dos questionários University of California at Los Angeles post-traumatic stress disorder reaction index (UCLA Index) e Tonic Immobility Scale-Child form (TIS-C). Para análise dos dados, foram realizadas regressões binomiais negativas bivariadas e multivariadas para examinar se a imobilidade tônica e a culpa estavam associadas à sintomatologia de TEPT, e se estas associações se manteriam após a inclusão de fatores de confusão (dissociação peritraumática, reações de pânico peritraumáticas, gênero, idade e tempo desde o trauma, número de tipos de trauma). Os resultados mostraram que os dois fatores de vulnerabilidade, a imobilidade tônica e a culpa, apresentaram associação positiva com os sintomas de TEPT e que estas associações se mantiveram significativas mesmo na presença de variáveis confundidoras. Estes resultados são importantes uma vez que o desenvolvimento do sistema nervoso e plasticidade cerebral ainda está ocorrendo de maneira significativa na adolescência, representando uma janela de oportunidade para intervenções psicológicas e psiquiátricas que minimizem ou impeçam o desenvolvimento de transtornos mentais, tais como o TEPT.