Bioatividade dos extratos de Cymbopogon winterianus Jowitt sobre Biomphalaria glabrata

Abstract

A esquistossomose é uma doença tropical negligenciada causada por parasitas do gênero Schistosoma, transmitida pelos hospedeiros intermediários Biomphalaria spp. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), sugere-se que mais de 200 milhões de pessoas têm sido infectadas em 78 países, resultando em cerca de 200.000 mortes por ano. Muitas doenças são tratadas utilizando plantas como recurso terapêutico, ainda que isto ocorra de forma escassa se considerar as condições socioeconômicas, principalmente nos países em desenvolvimento, onde a procura por medicamentos alternativos mais baratos e seguros, baseados em produtos naturais, é uma demanda da população. Nos últimos anos houve um grande avanço da ciência envolvendo estudos químicos e farmacológicos de plantas medicinais, visando-se à obtenção de novas substâncias com propriedades para tratar doenças. A espécie Cymbopogon winterianus da família Poaceae é conhecida popularmente como citronela. Na medicina popular brasileira, a citronela é utilizada como analgésico, ansiolítico e anticonvulsivante. No contexto do controle dos moluscos transmissores de doenças, a única droga que foi disponível para combater os moluscos hospedeiros intermediários foi a niclosamida®. Entretanto, a niclosamida apresentou casos de resistência e alta toxidade ambiental. O objetivo deste projeto foi avaliar a bioatividade dos extratos e da fração de Cybompogon winterianus sobre Biomphalaria glabrata. Os extratos brutos foram preparados em extrator soxhlet com solventes de diferentes polaridades (hexano, diclorometano, acetato de etila, acetona e etanol). As frações foram preparadas através do método por Filtração Flash. Na metodologia foram utilizadas placas de 24 poços e pulverização para avaliar a bioatividade nos moluscos, embriões e cercarias. De acordo com os resultados obtidos pelo método de imersão, alguns extratos brutos vêm apresentando resultados promissores, especialmente o extrato bruto em acetona que obteve CL90 = 124,03 mg/L e mortalidade de 100% em moluscos adultos (10-12 mm) e CL90 = 95,09 mg/L em moluscos jovens (6-8 mm); e o extrato bruto em diclorometano que apresentou CL90 = 180,92 mg/L, obtendo 100% de mortes em moluscos adultos e CL90 = 87,09 mg/L em moluscos jovens. No método por pulverização, foi possível observar que entre os extratos brutos utilizados, o extrato em diclorometano foi o promissor, principalmente nos moluscos jovens. No ensaio ovicida, a fração em hexano apresentou aproximadamente 81% de inibição na concentração de 100 mg/L e o extrato bruto em diclorometano apresentou 100% de mortalidade na concentração de 100 mg/L, no período de 48 h. No experimento cercaricida, o extrato em diclorometano apresentou uma taxa de mortalidade de 76,82%, na concentração de 100 mg/L e a fração em hexano apresentou 70,18% de letalidade na concentração de 100 mg/L em 4 h. Segundo os resultados acima, o extrato bruto em diclorometano foi o mais promissor, apresentando excelentes resultados sobre moluscos jovens e adultos, embriões de Biomphalaria glabrata e cercarias de Schistosoma mansoni. Além disto, a fração em hexano se mostrou uma estratégia promissora para embriões e cercarias.