Desenvolvimento de um biofiltro à base de fibra vegetal para tratamento de efluente da produção de biodiesel utilizando inóculo de Shewanella amazonensis

Abstract

A produção de biocombustíveis como o biodiesel ganha cada vez mais espaço no setor energético, graças a inúmeras vantagens em relação ao diesel de petróleo, como os baixos índices de emissões poluentes na combustão e sua natureza renovável. Contudo, uma das etapas da cadeia produtiva do biodiesel consiste na purificação da fração aquosa, o que promove a geração de um efluente cuja constituição pode ter poluentes danosos aos ecossistemas e principalmente aos recursos hídricos. Assim sendo, a cadeia produtiva do biodiesel carece de tecnologias de tratamento do efluente de lavagem, as quais aliem aspectos vantajosos como o baixo custo, ganhos ambientais, simplicidade, pequenas áreas requeridas e tempos de operação reduzidos. Os processos de tratamento biológico com suporte para crescimento de biofilme fixo têm se destacado na redução de contaminantes de águas residuárias, porém a maioria destes meios físicos são compostos por material plástico. Tendo em vista necessidades econômicas e ambientais, a utilização de materiais naturais e biodegradáveis torna-se um diferencial. Neste contexto, a bucha vegetal (Luffa cylindrica) é uma fibra natural com potencial para ser investigada a fim de contribuir com o desenvolvimento de técnicas associadas ao tratamento de efluentes, como os gerados no processo produtivo do biodiesel. Desta forma, a presente pesquisa buscou avaliar o desempenho do tratamento de um sistema no qual a bucha vegetal atua como um biofiltro para um efluente de lavagem da produção de biodiesel. As performances de redução de DBO e DQO com inoculação da bactéria foram analisadas em função de três períodos de tratamento (6h, 12h e 24h) e quatro massas de biofiltro (1,0; 2,0; 3,0 e 4,0 g). Além disso, foram realizados ensaios de controle (sem inoculação). Em relação a ambos os parâmetros, foram atingidas altas eficiências de tratamento nos ensaios com inoculação, entre 82,63 e 94,87% para DQO e entre 81,45 e 98,54% para DBO. Foi possível determinar que o tratamento ótimo foi o que combinou a massa de 2,0 g no tempo de 24 horas (DQO). Constatouse ainda que o período de 12 horas de tratamento foi o mais eficiente na redução de DBO. Na maioria dos ensaios, é possível que a espécie inoculada tenha favorecido o tratamento do efluente, devido aos resultados controle. Concluiu-se que o sistema constituído por bucha vegetal combinada com S. amazonensis é capaz de reduzir DQO e DBO do efluente da produção de biodiesel satisfatoriamente. É válida a realização de pesquisas mais aprofundadas que busquem avaliar outras massas e períodos de tratamento.