Protótipo para avaliação da condição elétrica da saliva e estudo do potencial inibitório de substâncias sintéticas híbridas de triazóis e naftoquinonas e do extrato natural Eugenia pruniformis sobre a multiplicação de Streptococcus mutans

Abstract

A cárie dentária é uma das doenças crônicas mais prevalentes na infância e na adolescência e sua prevalência permanece alta em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, tornando-se um grave problema de saúde pública. O objetivo da presente pesquisa foi desenvolver um protótipo que mensura a condição elétrica da saliva em crianças de 05 a 12 anos de idade em escolas municipais de Nova Friburgo, a fim de que se possa classificá-las em relação à susceptibilidade à cárie dentária. Além disso, esse estudo avaliou 21 substâncias sintéticas inéditas e 1 extrato natural; Eugenia pruniformis (Cambess), quanto à inibição da multiplicação de Streptococcus mutans (S. mutans). Primeiramente, após a coleta de saliva não estimulada, verificou-se a condição elétrica salivar, através de uma leitura simples e rápida no aparato (luz verde, amarela ou vermelha que se acende imediatamente), indicando a susceptibilidade à cárie. Em um 2 o momento, avaliou-se a atividade biológica das 21 substâncias sintéticas, que são um conjugado de triazóis e naftoquinonas, e do extrato natural acetato de etila da Eugenia pruniformis (Cambess) contra S. mutans, em diferentes concentrações, através do teste disco-difusão. Também foram realizados o teste de concentração mínima inibitória (MIC), ensaio de citotoxicidade (células Vero) e ensaios in vivo em camundongos BALB/c (toxicidade aguda, análises bioquímicas, análise histológica). Como resultados, encontrou-se que todas as crianças (n= 224), apresentaram uma condição elétrica salivar satisfatória, ou seja, acendeu a luz verde do dispositivo, que confirmou a leitura do pH salivar acima de 5,5 (através do pHmetro digital - padrão ouro), sendo classificadas então de baixa susceptibilidade à cárie dentária. Em relação às substâncias pesquisadas, os resultados demonstraram que 4 moléculas (MA21, MA24, MA25 e MA26) apresentaram ação inibitória significante em ambas as doses de 300 μg e 15 μg, e o extrato natural E.pruniformis também apresentou inibição nas dosagens de 400 μg, 800 μg e 1200 μg (testes de disco-difusão). O MIC das substâncias MA21 e MA24 foi de 10 μg/mL e da MA25 e MA26 foi de apenas 5 μg/mL. O MIC da E. pruniformis foi de 50 μg/mL. Em relação à citotoxicidade, os resultados apontaram que na dose inicial de 50 μg, as substâncias sintéticas mantiveram a viabilidade celular acima de 80% e a E. pruniformis manteve até aproximadamente 100%, começando a cair de forma considerável apenas a partir da 3 a dose de 200 μg. No ensaio in vivo, na avaliação da toxicidade aguda, em relação à comparação das médias entre os pesos dos camundongos, não houve diferença estatisticamente significativa entre eles (p>0.05). Em relação às dosagens bioquímicas do soro do sangue (ureia, creatinina, TGP e TGO), verificaram-se diferenças estatísticas apenas nas médias da ureia, quando comparadas com o valor de referência. Na análise histológica, a MA25 acarretou lesões nos rins, baço e fígado de 3 animais. No grupo da E. pruniformis, apenas 1 animal, em um total de 5, apresentou lesão no fígado: degeneração de gordura e autólise nos hepatócitos. Diante dos nossos resultados, almejamos que o dispositivo seja empregado no monitoramento de programas preventivos com a finalidade de facilitar a classificação dos pacientes quanto à susceptibilidade à cárie dentária e que a substância MA25 e o extrato natural Eugenia pruniformis possam ser usados como fármacos importantes contra a multiplicação de S. mutans, um dos principais agentes etiológicos da cárie dentária.