Efeitos da suplementação com castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.) em marcador da glia entérica e no trânsito gastrointestinal em ratos wistar

Abstract

O Sistema Nervoso Entérico (SNE) é formado por uma complexa rede integrada de células neuronais e gliais e compete a ele diversas funções do trato gastrointestinal, sendo sua citoarquitetura influenciada diretamente pela microbiota intestinal. A microbiota intestinal tem sua composição variando de acordo com a ingestão de nutrientes e compostos bioativos encontrados nos alimentos, estimulando a reprodução dos filos bacterianos que podem exercer função benéfica no hospedeiro. Dentre esses alimentos fontes de nutrientes e compostos bioativos a castanha-do- Brasil é considerada a principal fonte de selênio, além de também ser fonte de ácidos graxos insaturados, fibras alimentares e polifenóis, podendo assim promover a otimização dos processos fisiológicos do trato gastrintestinal e da citoarquitetura do SNE. Dessa forma, o estudo tem como objetivo investigar o impacto da suplementação de castanha-do-Brasil no esvaziamento gástrico, tempo de trânsito intestinal e analisar a célula glial entérica do SNE em ratos saudáveis. Ratos wistar machos com 2 meses de idade (aprovação CEUA: n° 967) foram separados em grupos de acordo com a concentração de castanha-do-Brasil na ração (n=9/grupo), grupo controle (GC), castanha-do-Brasil 5% (C5) e castanha-do-Brasil 10% (C10). Os animais receberam ração comercial acrescida e homogeneizada com a castanha-do-Brasil triturada de acordo com a concentração de cada grupo. Foram acompanhados semanalmente para análise da ingestão de ração, ingestão hídrica e massa corporal. Após 8 semanas de intervenção os animais foram submetidos ao ensaio de constipação. A aferição da glicemia basal de jejum e o ensaio de esvaziamento gástrico foram realizados no último dia de intervenção e em seguida os animais foram eutanasiados e realizada a análise de imunohistoquímica de fluorescência no porção proximal do cólon para a proteína glial fibrilar ácida (GFAP). As análises estatísticas foram realizadas através do programa GraphPad Prism 6.0. Os resultados foram expressos em média ± desvio padrão quando apresentaram distribuição normal e em mediana (p25 - p75) quando não apresentaram distribuição normal e o nível de significância utilizado foi de p<0,05. A intervenção com 5% de castanha-do-Brasil promoveu maior massa corporal ao final do experimento [GC: 349,0 (334, 0-374,5); C5: 428,5 (401,8-436,6); C10: 291,5 (264,5-294,3); p<0,0001] e maior ganho de peso [GC: 76,56±10,0; C5: 122,2±22,79; C10: 2,22±29,25; p<0,0001]. Em contrapartida a intervenção com 10% de castanha-do-Brasil proporcionou menor consumo de ração [GC: 21,9 (20,1 - 22,8); C5: 18,6 (18,3 - 19,0); C10: 12,1 (9,9 - 12,3); p<0,0001] e maior resíduo gástrico peso [GC: 101,2±32,51; C5: 70,87±35,01; C10: 147,1±38,08; p=0,0008]. Em relação à imunofluorescência para a proteína GFAP, o grupo C5 foi significativamente superior em relação à fluorescência corrigida total sobre o CG e o C10 [GC: 20,74±5,719; C5: 36,03±2,602; C10: 11,67±1,725; p<0,0087]. A partir desses resultados pode-se concluir que a castanha-do-Brasil parece então exercer influência sobre a funcionalidade do TGI e sobra a glia entérica.