Estudo da ação tripanocida de produtos naturais oriundos de plantas da restinga de Jurubatiba

Abstract

Desde os tempos antigos, a humanidade tem buscado medicamentos para aliviar a dor e curar várias doenças. Substâncias de origem natural são continuamente estudadas com o objetivo de se ter um tratamento mais seguro e eficaz, e as espécies vegetais têm sido um alvo primordial para a busca de novos agentes terapêuticos. Nesse contexto, um vasto número de produtos naturais tem apresentando atividade contra o Trypanosoma cruzi, um protozoário flagelado causador da Doença de Chagas (DC) que afeta aproximadamente 6 a 7 milhões de pessoas no mundo. O atual tratamento da doença de Chagas (DC) se baseia unicamente em duas substâncias nitroderivadas, o Nifurtimox (Nf) e benzonidazol (Bz), ambas introduzidas na clínica médica há cerca de 50 anos e que têm sido consideradas insatisfatórias principalmente devido à baixa eficácia e alta toxicidade. Neste sentido, existe uma grande urgência pelo desenvolvimento de novas terapias. Diversos grupos de pesquisa têm estudado o potencial de produtos naturais como fonte de novas substâncias ativas contra o parasito. Assim, o principal objetivo deste projeto consistiu na avaliação in vitro de extratos, frações e nanoformulações de plantas oriundas da Restinga de Jurubatiba- RJ sobre o Trypanosoma cruzi. Para isso, realizou-se uma triagem inicial contra formas epimastigotas de 30 produtos naturais derivados de plantas da restinga de Jurubatiba, todos na concentração de 100 ug/mL. A partir deste ensaio, foram identificados 5 produtos naturais que apresentaram atividade tripanocida de boa a moderada tanto em formas epimastigotas quanto em formas tripomastigotas. Também avaliamos a toxicidade frente macrófagos peritoneais, através do ensaio de redução da resazurina e liberação da enzima LDH. Nossos resultados indicaram baixa ou moderada toxicidade para maioria dos produtos testados, com destaque para o EMPFA. Avaliamos também extratos de M. vittoriana e a substância isolada centraterina contra as formas epimastigotas. Os resultados obtidos a partir do ensaio de redução de resazurina indicaram potencial tripanocida para todos os produtos, com especial atenção para centraterina que obteve uma CE50 de 308 ng/mL. No entanto, os ensaios em macrófagos peritoneais revelaram elevado potencial tóxico para todos os extratos e para centraterina. Desse modo, nossos resultados em conjunto demonstram a presença de substâncias com potencial terapêutico em espécies de plantas da restinga de Jurubatiba.