Avaliação das atividades antibacteriana e antibiofilme de extratos naturais frente a bactérias gram-positivas e gram-negativas e seus possíveis efeitos sinérgicos

Abstract

O Homem desde a Antiguidade utiliza produtos naturais como forma de prevenção e/ou cura para doenças. A evidência da eficácia desses produtos proporcionou e alavancou estudos e pesquisas relacionadas as atividades biológicas das plantas. Dentre eles existe a Própolis Verde (PV) e a Própolis Mandaçaia (PM), além da espécie vegetal Baccharis dracunculifolia (BD). Vários estudos biológicos e químicos já demonstraram a semelhança química entre a PV e a BD, correlacionando a sua origem vegetal. A disseminação da resistência bacteriana, justifica a busca por antimicrobianos de origem natural, isolados ou associados, que podem potencializar suas atividades antibacterianas, e assim colaborar com o desenvolvimento de produtos mais eficientes, menos tóxicos e de baixo custo. O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil antibacteriano e antibiofilme dos extratos etanólicos da BD, da PV e da PM frente a bactérias Gram-positivas e negativas, oriundas de cepas bacterianas clínicas e de referência, e os possíveis efeitos sinérgicos entre os extratos. Para isso, foi realizado a triagem fitoquímica e a caracterização dos extratos etanólicos por CCD e CLAE, respectivamente. A Concentração Inibitória Mínima (CIM) e a Concentração Mínima Bactericida (CMB) foram avaliadas, além do efeito da associação dos extratos para a determinação de um possível sinergismo pelo método Checkerboard. Por último foi verificada a atuação dos extratos na atividade antibiofilme nos momentos em formação, recém-formado e consolidado. Na avaliação da composição química dos extratos foi evidenciada a presença de substâncias com atividade antimicrobiana, como a artepelina C, a bacarina e a drupanina. Dentre estas substâncias, a presença da artepelina C tanto na PV como na BD, correlaciona a origem botânica da PV. Em relação as bactérias Gram-positivas, os melhores resultados foram encontrados com as cepas S. pseudintermedius ED99 (CIM= 0,156 mg/mL e CMB= 1,25 mg/mL), e S. pseudintermedius SD55 (CIM= 0,156 mg/mL e CMB= 0,312 mg/mL), utilizando a PV. Ainda para a PV resultados de CIM=0,625 mg/mL foram encontrados com ambas as cepas de S. schleiferi SD54 e SD63. Na cepa S. pseudintermedius SD55 foi observada CIM= 0,312 mg/mL e CMB= 2,5 mg/mL utilizando a BD e para a PM atividade da CIM= 2,5mg/mL para o S. pseudintermedius SD 55 e ED99. Não foi possível determinar a CIM e a CMB das bactérias Gram-negativas. Os resultados da CIM e CMB evidenciaram a característica bacteriostática dos extratos da PV, da BD e da PM, sem a possível identificação da tolerância. Em associação os extratos não apresentaram efeito sinérgico, mas sim efeitos antagônicos e indiferentes, tanto na cepa clínica S. pseudintermedius SD55, como na cepa de referência S. aureus ATCC 25923. A atividade antibiofilme foi evidenciada nos momentos recém-formado e consolidado para os extratos da PV e da BD frente a cepa clínica e a de referência. Os extratos etanólicos da PV, da BD e da PM apresentaram perfil antimicrobiano e antibiofilme, destacando-se como uma possível alternativa terapêutica e eficaz no tratamento de infecções causadas por bactérias resistentes.