A matemática e o aluno surdo: uma proposta de formação continuada para professores do 6º ao 9º ano do ensino fundamental

Abstract

Na última década, os surdos conseguiram a imposição legal da presença do intérprete de LIBRAS junto ao professor para fazer a comunicação ouvinte-surdo na turma bilíngue. Certamente um grande passo em direção a inclusão, porém, a Matemática é uma disciplina que depende do raciocínio lógico e do acompanhamento visual ofertados pelo docente. Assim, o professor precisa ficar em igualdade de condições com o intérprete no quesito comunicação, para isso, não basta sinais em LIBRAS para a disciplina e uma orientação mais direta faz-se essencial. O aluno surdo é um ser que utiliza uma língua e cultura própria. Essa concepção socioantropológica da surdez, entende que o bilinguismo é o melhor método para ensino para surdos. Para contribuir com esta relação direta aluno-docente, nosso trabalho inicia-se com um levantamento bibliográfico com o objetivo de buscar nas plataformas digitais Scielo, Capes e BVS registros na última década que mostrem metodologias de ensino para alunos surdos na disciplina de Matemática do Ensino Fundamental. A pesquisa na literatura digital nos indica haver uma escassez de sequencias didáticas em geral, o que se vê são sinais soltos sem orientação ordenada. Diante da informação, partimos com empoderamento para elaboração de uma ementa de curso de formação continuada para os professores de Matemática e áreas afins do 6º ao 9º ano. Nesse contexto, esta ementa, que tem por base a visão socioantropológica da surdez, visa diminuir a distância que há entre o professor e o aluno surdo, criando assim novas possibilidades didáticas-metodológicas e enriquecimento das aulas de matemática. A aplicação do curso se deu na forma à distância, devido à pandemia de COVID-19 instaurada no mundo no ano de 2020. Os resultados da aplicação mostram a necessidade de cursos para professores de matemática, a falta de conhecimento de LIBRAS dos cursistas e o apoio dos mesmos em outras questões para justificar o atendimento precário do aluno surdo.