Avaliação do sistema nervoso periférico em adolescentes e adultos jovens com infecção pelo HIV através de transmissão vertical: perfil clínico e neurofisiológico de fibras finas através do potencial evocado pelo contato de calor (CHEPS)

Abstract

Avaliação do sistema nervoso periférico em adolescentes e adultos jovens com infecção pelo HIV através de transmissão vertical: perfil clínico e neurofisiológico através do potencial evocado pelo contato de calor (CHEPS). O perfil da infecção pelo HIV/aids vem mudando significativamente desde a introdução da terapia antirretroviral combinada (TARVC), mas a prevalência da polineuropatia distal simétrica causada pelo HIV (PDS-HIV) permanece inalterada, com níveis estimados em 30 a 40%. Trata-se de uma neuropatia de fibras finas (NFF) com manifestações positivas e que pode acabar por acometer as fibras rápidas de grosso calibre. A avaliação da integridade das fibras finas por meio de potenciais evocados pelo contato de calor (CHEPS) nunca havia sido utilizada para avaliar a prevalência de NFF em uma população de indivíduos infectados pelo HIV por transmissão vertical. Através de um estudo do tipo caso-controle, com amostra de conveniência e usando teste t de student para comparação das médias foi possível avaliar 15 pacientes, com idades entre 12 e 24 anos e que estavam em acompanhamento no ambulatório de aids pediátrica do HUAP-UFF em 2015 e 2016. 53,3% eram assintomáticos e 86,7% tinham exame neurológico normal. Em comparação com o grupo controle, composto por indivíduos com idade inferior a 30 anos, foi possível observar que as médias das latências proporcionais à altura das ondas N2 e P2 nos membros inferiores dos pacientes eram significativamente maiores, p-valor variando entre 0,01 e 0,04. A amplitude N2-P2 nos membros inferiores dos pacientes apresentou valores médios inferiores aos do grupo controle, mas não houve significância. O CHEPS foi considerado anormal em 40% dos pacientes e esse resultado não foi influenciado pela carga viral, contagem de CD4, idade, altura ou TARVC. A comparação das médias de latência dos pacientes com um grupo controle composto por indivíduos com mais de 50 anos verificou que, apesar de maiores, não havia mais diferença significativa. A pequena amostra de pacientes dificulta a análise, mas os resultados indicam a presença de disfunção de fibras finas em 40% dos pacientes com HIV/aids por transmissão vertical; que essa prevalência não parece ter relação com variáveis relacionadas com o HIV; e que pode haver uma relação entre esse achado e uma disfunção intrínseca do axônio, relacionada com a infecção, com a TARV ou com o próprio envelhecimento da fibra