Niterói de bicicleta: uma análise sobre a política de mobilidade urbana por bicicleta em Niterói-RJ e o papel do movimento cicloativista na cidade de Niterói

Abstract

A presente pesquisa tem como objetivo principal fazer uma análise sobre a política de mobilidade por bicicleta no município de Niterói-RJ a partir da criação do programa Niterói de Bicicleta, órgão responsável pela realização do planejamento de toda a infraestrutura cicloviária da cidade e por ações de estímulo e de conscientização sobre o uso seguro desse modal. Com base nas discussões que apontam para a promoção do uso da bicicleta como uma importante estratégia na busca por uma mobilidade urbana sustentável, capaz de promover melhorias nos aspectos sociais, econômicos e ambientais de contextos urbanos atuais, Niterói vem implementando, desde o início dessa última década, intervenções no espaço urbano e políticas de mobilidade que parecem caminhar nessa mesma direção através da criação de espaços voltados para ciclistas. No entanto, abordagens que tenham como premissa o enfoque sociológico e político no estudo dos fenômenos ligados aos deslocamentos da população afirmam que falar em mobilidade significa ir além das melhorias nos meios de transporte ou no trânsito. Essas abordagens sinalizam para a necessidade de questionar o ordenamento dos lugares e territórios, a distribuição de bens e serviços, as relações de apropriação e uso do espaço, e as formas de acessar e viver no espaço urbano. No meio dessa discussão, teorias demostram que a atuação do poder público por meio de programas de incentivo, implantação de infraestrutura e a inclusão da bicicleta nas requalificações viárias tem grande potencial de aumentar a sua adoção como meio de transporte. Entretanto, muitos são os entraves que surgem na fase de implantação das ações e estratégias propostas nos planos de mobilidade, configurando-se como barreiras à sua efetivação. Deste modo, o desenvolvimento desta pesquisa contou com uma análise da distribuição espacial da malha cicloviária em Niterói e das formas de atuação dos movimentos cicloativistas junto ao poder público no que se refere às deliberações a respeito das políticas de mobilidade na cidade, além de uma identificação das principais barreiras e dificuldades encontradas pelo programa Niterói de Bicicleta na implementação das políticas em prol da mobilidade cicloviária. Os resultados das análises demostraram que há uma distribuição extremamente desigual da malha cicloviária entre as regiões da cidade, que os movimentos cicloativistas atuam de formas diversas e fogem à visão tradicional de que cabe ao ativismo social apenas o papel reivindicatório e a abordagem inflamada, e, por fim, que as barreiras identificadas apontaram para a necessidade do enfrentamento das pressões exercidas pelo mercado imobiliário, pelos interesses econômicos, pelos movimentos pró automóvel e pelas diferentes visões internas acerca da mobilidade, bem como requer mudanças e o apoio da população.