Influência das adipocinas materna e do cordão umbilical no peso ao nascimento

Abstract

Atualmente existe um crescente interesse em estudos que investigam os fatores que regulam o crescimento intra-uterino e seus efeitos sobre o aparecimento de doenças na vida adulta. A insulina é um hormônio bem conhecido como regulador do crescimento fetal, e neste contexto a adiponectina e Adipocyte Fatty Acid-binding Protein (AFABP4) adipocinas com ações de sensibilização à insulina, e na homeostase energética, provavelmente também exercem um efeito significativo sobre a crescimento e desenvolvimento fetal, podendo representarem biomarcadores importantes nos prognósticos e promissores alvos terapêuticos. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre as concentrações destas adipocinas no sangue das gestantes e do cordão umbilical com os parâmetros antropométricos maternos e do recém-nascido. Foram coletados dados sobre as condições socioeconômicas, ginecológico-obstétricos das gestantes e os dados antropométricos das gestantes e dos recém-nascidos. Foi coletado sangue das gestantes e do cordão umbilical dos recém-nascidos para análises das concentrações séricas da adiponectina, AFABP4 e insulina. Através do ensaio imunoenzimático (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay – ELISA) foi realizada a analise bioquímica. Em relação à avaliação nutricional antropométrica prégestacional, a frequência de sobrepeso e obesidade foi elevada nas gestantes adultas (42%) em comparação as adolescentes (5%). No final da gestação no grupo das adolescentes: 23% apresentaram ganho ponderal insuficiente, 29,45% adequado e 47% excessivo; no grupo das adultas: 24% obtiveram um ganho de peso insuficiente, 31,1% adequado e 45% excessivo. A concentração da adiponectina no soro das gestantes (36,1 ± 17ng/ml) apresentou menor valor (p<0,0001) comparado ao cordão umbilical (127 ± 40,7ng/ml); enquanto a concentração média de insulina e AFABP4 no soro das gestantes apresentaram-se mais elevadas em relação ao cordão umbilical (31.2 ± 25μUI/ml; 19,4 ± 15,5μUI/ml, p<0,0001) e (23,2 ± 22,4ng/ml; 9,3 ± 13,9ng/ml, p=0,004 respectivamente). Foi observada associação positiva entre adiponectina materna e do cordão umbilical (r=0,39; p=0,005); o mesmo foi observado para AFABP4 (r=0,5; p=0,006). A adiponectina e insulina do cordão umbilical correlacionaram-se positivamente com o peso ao nascimento (r=0,38 p=0,046; r=0,4; p=0,007) respectivamente). A AFABP4 e insulina materna apresentaram correlação positiva com o ganho de peso gestacional (r=0,4, p=0,02; r=0,3, p=0,03, respectivamente). Os resultados do presente estudo sugerem que a concentração sérica de insulina e da adipocina Adipocyte Fatty Acidbinding Protein são importantes hormônios relacionados ao ganho de peso gestacional materno, enquanto a concentração de insulina e de adiponectina, no sangue do cordão umbilical, influenciam o peso da criança ao nascer. A frequência de sobrepeso e obesidade pré-gestacional e gestacional foi elevada, o que pode favorecer o desenvolvimento de intercorrências gestacionais e resultados obstétricos desfavoráveis. A alta frequência da macrossomia observada ressalta a importância do monitoramento deste agravo. Este estudo pretende criar perspectivas para que sejam realizadas mais investigações que visem explorar as possíveis associações entres os diversos fatores determinantes do ganho de peso materno e do peso da criança ao nascer