Influência do consumo da linhaça (linum usitatissimum) durante a gestação e lactação sobre a prole de ratas wistar com diabetes mellitus tipo 2

Abstract

Introdução: A exposição a um ambiente adverso fetal e/ou pós-natal pode aumentar a susceptibilidade a uma série de doenças crônicas na vida adulta e o n-3 proveniente da linhaça é um fator que pode prevenir esse evento. Objetivo: Avaliar os benefícios do uso materno de óleo e farinha de linhaça, durante a gestação e lactação na prole de mães diabéticas tipo 2. Material e Métodos: Ratas Wistar (n=24) foram induzidas ao diabetes por dieta hiperlipídica e estreptozotocina. Outras seis ratas receberam somente dieta controle. Após a confirmação do diabetes, as ratas foram acasaladas e quando confirmada a gestação, foram alocadas em quatro grupos (n=8): hiperlipídico (GH), óleo linhaça (GOL), farinha de linhaça (GFL) e controle (GC) (ratas saudáveis, n=6). Ao desmame, os filhotes machos e fêmeas (n=12/grupo) passaram a receber ração comercial para ratos. O sacrifício foi realizado aos 100 e 180 dias de vida (n=6/grupo), onde foi feita coleta do pâncreas e tecido adiposo para análises histomorfométricas, e sangue para análises bioquímicas. Resultados: A massa corporal da prole fêmea aos 180 dias foi semelhante entre os quatro grupos. Contudo, todos os machos oriundos das mães diabéticas eram mais leves que o GC (p=0,01). Quanto às análises bioquímicas, encontramos diferença apenas na concentração média de leptina, onde as fêmeas do GFL apresentaram níveis superiores (78%) ao GC aos 100 dias (p=0,0295). Aos 180 dias, as fêmeas do GFL apresentaram níveis de glicose 10% menores que o GC (p=0,0442) e o GOL apresentou níveis de leptina superiores aos demais grupos (p=0,0003). Analisando o diâmetro dos adipócitos dos filhotes machos aos 100 dias, todos os oriundos de mães diabéticas apresentaram diâmetro superior ao GC (p<0,0001). Quanto às fêmeas, as oriundas de mães diabéticas apresentaram-se maiores que o GC (p<0,0001). Aos 180 dias, observamos que todos os filhotes machos dos três grupos de mães diabéticas apresentaram diâmetro superior ao GC (p<0,0001). Quanto às fêmeas, os GH e GOL apresentaram diâmetro superior ao GC (p<0,0001). Tanto machos como fêmeas do GH apresentaram hipertrofia das ilhotas pancreáticas, aos 100 e 180 dias (p<0,001). As fêmeas e machos do GOL tiveram menores área e diâmetro do que os GH, sendo similares aos GC (p<0,001). Aos 100 dias, as ilhotas da prole fêmea do GH e GFL apresentaram densidade de imunocoloração para insulina menores (-19,1% e -10,3%, respectivamente, p<0,0001), que o GC, enquanto o GOL foi semelhante ao GC. Nos machos, as ilhotas do GH apresentaram densidade inferior (-13,2%, p<0,0001) ao GC. Os machos do GOL e GFL foram similares ao GC. Aos 180 dias, as ilhotas das fêmeas do GH e GFL apresentaram densidade inferior (-19,8% e -13%, respectivamente, p<0,0001) ao GC, enquanto o GOL foi semelhante ao GC. Nos machos, as ilhotas dos GH e GFL apresentaram densidade diminuída (GH: -35,8%, GFL: -8,4%, p<0,0001), enquanto que os filhotes do GOL tiveram ilhotas com maior densidade (+6,2%, p<0,0001) comparados ao GC. Conclusão: A hiperglicemia materna severa resulta em comprometimento da histomorfologia pancreática na prole, contudo estas mudanças não levaram à intolerância a glicose na vida adulta, pois esses animais com dieta padrão mantêm a glicemia normalizada e apresentam sensibilidade à insulina normal.