Paracoccidioidomicose simulando Doença de Crohn: relato de caso e revisão bibliográfica

Abstract

A paracoccidioidomicose (PCM), causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, é a micose sistêmica mais frequente e de maior mortalidade no mundo. Sua distribuição demográfica é restrita às Américas do Sul e Central, com concentração de 80% dos casos em território brasileiro, acometendo, caracteristicamente, a população de áreas rurais. A forma aguda/subaguda corresponde de 3% a 5% dos casos e ocorre, predominantemente, em crianças, adolescentes e adultos jovens (menores de 30 anos), sem predileção por sexo. Relatamos o caso de um paciente de 20 anos com diagnóstico em dezembro 2012 de Doença de Crohn (DC), após investigação de quadro de diarreia mucossanguinolenta, dor abdominal e perda ponderal, inicialmente tratado no município de origem com mesalazina e permanecendo oligossintomático por cerca de 1 ano. Após a suspensão da medicação por conta própria, apresentou recaída clínica não responsiva, desta vez, ao aminossalicilato. Foi introduzida corticoterapia oral, com agravamento do quadro clínico, surgimento de lesões dermatológicas e linfadenomegalia generalizada. O paciente, então, foi encaminhado ao Hospital Universitário Antônio Pedro, onde foi feito o diagnóstico final de paracoccidioidomicose subaguda. Desta forma, a paracoccidioidomicose deve ser considerada entre os diagnósticos diferenciais de doença inflamatória intestinal, principalmente frente a pacientes provenientes de áreas endêmicas.