FALO AFRIKKAANS, MAS NÃO O STANDARD: IDENTIDADE ÉTNICO-LINGUÍSTICA DA GERAÇÃO COLOURED PÓS-APARTHEID DA CIDADE DO CABO
Coloured
Etnicidade
Afrikaans
Kaaps
Identidade
Sociolinguística
Etnicidade em literatura
Identity
Coloured
Ethnicity
Afrikaans
Kaaps
Abstract
Esta pesquisa investiga a relação entre língua Afrikaans e a identidade étnico-linguística dos
jovens Coloureds “born free” da Cidade do Cabo, na África do Sul. O grupo étnico conhecido
como Coloureds foi assim classificado no início do governo apartheid, que se iniciou
oficialmente em 1948, uma vez que esses indivíduos tinham um passado de miscigenação e,
portanto, não poderiam ser considerados Negros ou Brancos de acordo com as ideologias raciais
vigentes na época. O nascimento e desenvolvimento da língua Afrikaans tem profundas
relações com o grupo citado porque tais indivíduos são falantes desta língua bem como parte
da população Branca. Assim, temos uma língua (e variedades desta língua) que é compartilhada
por dois grupos étnicos pertencentes a contextos sócio-históricos bastante distintos; enquanto
os Brancos desfrutaram de muitos privilégios econômicos e políticos durante a maior parte da
História sul-africana, os Coloureds eram tratados como “cidadãos de segunda classe” e situados
numa posição “entre Brancos e Negros”. A presente pesquisa, portanto, apresenta uma
delimitação étnica (Coloured), linguística (Afrikaans), geográfica (Cidade do Cabo) e
geracional (pós-apartheid). A investigação se orientou por pressupostos teóricos da identidade
e sua relação com a língua (LABOV, 2008; TABOURET-KELLER, 1998 E EDWARDS,
2009), etnicidade (FOUGHT, 2006; FISHMAN, 1989, 1998 E STELL, 2011), pertencimento
(ANTHIAS, 2006; PFAFF-CZARNECKA, 2011) e atitudes linguísticas (PETITJEAN, 2008;
CARDOSO, 2015; GARRETT, 2013). No que se refere ao levantamento de dados, foi
desenvolvida uma pesquisa qualitativa que utilizou da técnica da entrevista em duas etapas. A
primeira, através de um pré-teste, realizado com Coloureds sul-africanos nascidos a partir de
1994, ano do fim do apartheid. Já na segunda etapa as entrevistas foram realizadas in loco a
partir de uma viagem de campo à Cidade do Cabo, onde 17 pessoas relataram suas experiências
de uso das variedades identificadas no local da investigação. Os resultados mostraram que a
principal variedade linguística usada pelos informantes se chama Kaaps, entre outros nomes. O
Kaaps é considerado por muitos um falar informal e há intensa influência do inglês. Com o
desenvolvimento da pesquisa fica reforçado que os laços de pertencimento entre seus falantes
e sua comunidade se fortalecem pelo uso de tal variedade. O falar Kaaps foi reconhecido como
uma das principais características em “fazer a etnicidade Coloured”.
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Document type
TeseSource
MACEDO, Anderson Lucas da Silva. Falo Afrikkaans, mas não o standard: identidade étnico-linguística da geração coloured pós-apartheid da Cidade do Cabo. 2023. 253 f. Tese (Doutorado em Estudos de Linguagem) – Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem, Instituto de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2023.Subject(s)
IdentidadeColoured
Etnicidade
Afrikaans
Kaaps
Identidade
Sociolinguística
Etnicidade em literatura
Identity
Coloured
Ethnicity
Afrikaans
Kaaps