Avaliação dos aspectos anatomopatológicos da infecção natural por Eimeria stiedai (Lindmann,1865) Kisskalt e Hartmann, 1907 (Apicomplexa: Eimeridae) em coelhos de criações rústicas (Oryctolagus cuniculus)

Abstract

Este trabalho teve como objetivo verificar a freqüência da eimeriose hepática, avaliar e descrever os aspectos anatomopatológicos das lesões hepáticas observadas nos diversos estágios de desenvolvimento causadas por E. stiedai em coelhos de criações rústicas naturalmente infectados, assim como estabelecer a relação peso do fígado/carcaça procedentes da Região Serrana Fluminense, RJ. Foram coletados fígados, vesículas biliares e fezes de 97 coelhos procedentes de criações rústicas. As amostras fecais foram coletadas diretamente das alças intestinais e acondicionadas em solução de dicromato de potássio (K2Cr4O7) 2,5%,(v/v), onde foram mantidas entre 23 e 28C por 10 dias para que ocorresse a esporulação dos oocistos e posterior identificação destes com base na morfometria e caracterização de estruturas internas como corpo residual, micrópila . Nos fígados, foram feitas avaliações macroscópicas das lesões, e posteriormente foram feitos estiraços para a observação direta dos oocistos, após o preparo do material. O conteúdo da vesícula biliar foi coletado com o auxílio de uma seringa de 5mL e agulha de 25x0,7 mm, para observação de oocistos não esporulados. Para avaliação histopatológica, foram coletadas amostras representativas dos fígados que apresentavam lesões, acondicionadas em formol tamponado 10%, processadas pela técnica de rotina e coradas em Hematoxilina-eosina, Tricrômio de gomori e PAS - Ácido Periódico de Shiff (Behmer et al., 1976). De acordo com análise morfométrica dos oocistos encontrados, em 18 animais(18,6%), pertencia à espécie E. stiedai. Na análise macroscópica das lesões, os nódulos observados foram positivos para os estiraços de 28 animais(27,4%), revelando oocistos imaturos, bem como a análise do conteúdo biliar, em 30 animais(29,4%). Em relação a histopatologia, a fibrose e as projeções papilares intraluminares foram observadas em todos os 43 animais (100%). Observou-se ainda, estratificação do epitélio ductal e massa de oocistos em meio a um material amorfo, ambos promovendo colestase, em 15 animais (34,9%). Foram observadas áreas de hiperplasia, 25 animais (58,1%) e formas endógenas,em 3 animais (2,94%), em vários estágios de desenvolvimento promovendo destruição epitelial. Em relação a correlação peso do fígado e peso da carcaça entre os animais negativos e animais infectados não foram observadas diferenças estatísticas com p< 0,05. A investigação desta coccidiose através de análise anatomopatológica e parasitológica contribui para o melhor entendimento da fisiopatogenia do agente e no desenvolvimento de um manejo adequado na criação de coelhos.