Estudo de rastreamento da soroprevalência das hepatites B e C em gestantes atendidas no serviço de pré-natal do Hospital Universitário Antonio Pedro-Niterói-RJ

Abstract

INTRODUÇÃO: As hepatites pelo vírus B e vírus C são doenças hepáticas potencialmente graves e um grande problema de saúde pública no Brasil e no mundo. No nosso país a prevalência não é homogênea, variando entre as diferentes regiões, mas estima-se que 1% da população apresenta doença crônica relacionada ao vírus B e que haja 1,5 milhões de infectados pelo vírus C. E apesar do desenvolvimento da vacina contra a hepatite B, da melhoria nos métodos diagnósticos e avanços terapêuticos no campo das hepatites virais, ainda é grande o número de pessoas que continuam sendo infectadas por essas doenças, principalmente nas populações de risco e em países onde a transmissão vertical e horizontal intradomiciliar não é controlada. OBJETIVO: avaliar a soroprevalência de marcadores para os vírus B e C em mulheres que realizaram a assistência pré-natal no Hospital Universitário Antônio Pedro no período de 2006 a 2013, comparando os resultados encontrados com os dados regionais e os descritos na literatura específica. METODOLOGIA: estudo com abordagem transversal, de característica descritiva do tipo quantitativo, com coleta retrospectiva de dados em 635 prontuários de gestantes atendidas no Serviço de Pré-Natal do Hospital Universitário Antônio Pedro, Niterói, estado do Rio de Janeiro. O banco de dados foi construído no programa Microsoft Office Access, sendo posteriormente exportado para Microsoft Office Excel. Para o processamento e análise dos dados, foi utilizado o pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Science, IBM) versão 22.0, para Windows. RESULTADOS: foram observados 12 casos de HBsAg positivo (1,9%), 189 casos com Anti-HBs positivo (35,9%) e sete pacientes positivas para o Anti-HCV (1,3%). Não foi observada associação significativa entre a idade e positividade do HBsAg, Anti-HBs e Anti-HCV (p=0, 205, 0,872 e 0,676 respectivamente). Houve relação direta entre a positividade do Anti-HBs e os últimos quatro anos da pesquisa (p<0,0001). CONCLUSÃO: foi observada uma prevalência alta do HBsAg, acima daquela esperada para a nossa região; uma prevalência para o Anti-HCV concordante com a realidade brasileira atual; provável índice baixo de imunização contra a hepatite B, com relativo índice alto de susceptibilidade para esta infecção e nenhum caso de coinfecção entre o vírus C e B e o HIV. Enfatiza-se não só a necessidade de triagem no pré-natal da Hepatite B e também da C, sem exceções, já que os avanços atuais na terapêutica poderão se não curar, pelo menos possibilitar uma melhor qualidade de vida para as pacientes com doença crônica e da realização mandatória da imunoprofilaxia em todos os recém-natos. Atenção especial deverá ser dada àquelas pacientes susceptíveis ao HBV, com pronto diagnóstico e encaminhamento para a realização da vacinação específica