Telenfermagem na continuidade do cuidado ao idoso e cuidador no serviço de atenção domiciliar durante a Covid-19: estudo quase experimental

Abstract

Introdução: O Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) é uma modalidade assistencial que visa a fornecer ações curativas, reabilitadoras, paliativas e de prevenção e promoção à saúde, a indivíduos com necessidades de cuidados continuados, mais complexos e com baixa capacidade funcional. Com o agravamento da COVID 19 e o perfil epidemiológico do envelhecimento populacional crescente, a reorganização urgente da assistência a saúde no SAD ocorreu e foi acrescentado o apoio da telenfermagem na continuidade do cuidado transicional ao binômio idoso e cuidador do SAD. Objetivo: Avaliar o efeito da telenfermagem na transição da continuidade do cuidado aos idosos e cuidadores do Sistema de Atendimento Domiciliar (SAD) durante a pandemia COVID 19 relacionados à internação, óbito e alta do SAD. Método: Trata-se de um estudo quase experimental, antes e depois, para avaliar o efeito da telenfermagem na continuidade do cuidado transicional aos idosos e cuidadores do SAD, durante a pandemia COVID 19 relacionados à internação, óbito e alta do SAD no município de São Gonçalo-RJ. Um instrumento de ligações por telefone foi elaborado especificamente para a pandemia COVID 19, utilizando a combinação da teoria de Allaf Melleis e o sistema de linguagem padronizado NANDA-I e NIC que possibilitaram sistematizar e dar direção ao instrumento de ligação e intervenção pelo enfermeiro por telefone. Resultados: Foram realizadas ao total 1691 ligações pelos enfermeiros, foram, 1515 para os 121 pacientes do grupo intervenção e 176 para os 88 pacientes do grupo controle. Houve homegeneidade entre a amostra que permitiu a comparação, exceto no quesito Possui Cuidador (0,048) que foi maior no grupo controle (94,3%) e no grupo intervenção (85,5%). O principal resultado do estudo foi a diferença significativa entre os desfechos avaliados de alta do SAD: controle (16,7%), intervenção (83,3%); continuou com o cuidado no SAD: controle (44,4%), intervenção (55,6%) demonstrando a prioridade da assistência pela gravidade da saúde e adesão a inovação da telenfermagem implantada no serviço; Internação: controle (64,7%), internação (35,3%); óbito: controle (26,7%), intervenção (73,3%). Com esses resultados, pode-se afirmar que a chance de resultado de alta no grupo intervenção é nove vezes maior que no grupo controle. Mediante a gravidade da pandemia COVID-19, vale destacar que houve número significativo de intervenções nas quatro primeiras semanas de ligação quanto à promoção da saúde; se sobressaíram as intervenções de segurança e proteção e a de papeis e relacionamentos no cuidado aos idosos e cuidadores do SAD. Foi uma intervenção inédita e inovadora, que se alcançou com maestria no desenvolvimento da interação e obtenção de confiança com os enfermeiros que realizaram a telenfermagem. Depois das quatro semanas, pode-se observar que a quantidade de ligações diminuiu no quesito promoção da saúde e se equipara às demais intervenções de segurança e proteção e relacionamentos e papéis, com resultado positivo (p-valor < 0,001). Foi possível identificar que o apoio ao binômio cuidador e idoso foi importante para que estes se sentissem protegidos e acolhidos pela equipe. Cita-se o uso das tecnologias que minimizaram a distância física com realização das ligações telefônicas pela equipe de pesquisa e do SAD. Conclusão: A partir do estudo pioneiro no Sistema Único de Saúde (SUS), foi possível concluir que a telenfermagem realizada pelo enfermeiro na continuidade do cuidado de transição ao idoso e cuidador durante a pandemia COVID 19 no SAD demonstrou-se efetiva e capaz de ser implantada no cuidado.