A diáspora africana no Rio de Janeiro: o patrimônio cultural da região da pequena África e as ações educativas desenvolvidas por agentes de turismo

Abstract

O patrimônio cultural nascido da diáspora africana e a sua relação com os agentes de turismo que, sob o ponto de vista educacional, utilizam a região da Pequena África na cidade do Rio de Janeiro, constitui o objeto de pesquisa do presente trabalho. O objetivo é entender de que forma o legado deixado pelo povo africano no Brasil tem sido abordado pela educação turística nesta região. Deste modo buscamos entender como o turismo na cidade do Rio de Janeiro utiliza os locais de memória oriundos do tráfico transatlântico do continente africano para o Brasil entre os séculos XVIII e XIX. E também, qual a importância da valorização do turismo étnico na cidade, que se desenvolve por meio das ações educacionais dos agentes de turismo locais. A justificativa para a escolha do tema da pesquisa surgiu em 2018 através da proximidade do autor com o campo estudado, que ao percorrer a região da Pequena África para realização de um roteiro para o curso de guia de turismo, identificou as relações históricas que permeiam o lugar. Foi realizado um estudo qualitativo exploratório de base etnográfica, utilizando os procedimentos metodológicos de revisão bibliográfica, observação direta e participante, entrevista semiestruturada e um questionário semiaberto. Posteriormente foi realizada a análise do material empírico coletado com base no referencial teórico. A pesquisa foi dividida em três momentos definidos de acordo com a necessidade de explicação dos temas. No primeiro, uma contextualização da diáspora africana para melhor entendimento sobre a região da Pequena África. No segundo, a importância do patrimônio cultural e qual é esse patrimônio na região estudada. Por fim, contextualizamos a abordagem da educação e analisamos os dados da pesquisa realizada com guias de turismo que trabalham na região. Dessa forma, procuramos entender como tem sido conduzido o processo de turismo e educação na região. Entre os principais resultados encontrados, está a unanimidade em reconhecer a necessidade de formação para os guias de turismo. Na pesquisa de campo, nas entrevistas e nos questionários ficou evidenciada a importância de uma formação de qualidade, pois trata-se de uma região que abriga não um atrativo turístico apenas, mas um lugar de memória sensível. O Instituto Pretos Novos – IPN, foi citado como a principal instituição indicada para a formação dos guias de turismo no local. A importância da cultura africana na cidade está evidenciada na arquitetura colonial que moldou o início da vida dos africanos escravizados na região portuária da cidade. Hoje esses lugares sobrevivem de lutas protagonizadas por homens e mulheres que trabalham para divulgação da cultura. As ações educativas dos guias de turismo e os esforços dos membros do Instituto Pretos Novos emergem como importantes fatores que contribuem para a sobrevivência e conservação desse patrimônio. A ressignificação desses lugares de dor, em lugares de memória, de educação e entretenimento foram abordadas neste trabalho.