Análise em dois níveis da cooperação espacial entre Brasil e Ucrânia (1995-2015): ou sonhos de uma noite de verão na política internacional

Abstract

O objeto de estudo desta tese é cooperação espacial entre Brasil e Ucrânia entre os anos de 1995 e 2015. O objetivo geral é analisar esta cooperação, a partir de dois níveis de análise (internacional e interno), a aproximação e o afastamento de Brasil e Ucrânia no estabelecimento da cooperação espacial. Especificamente, busca-se compreender como as mudanças e continuidades no equilíbrio de poder do Sistema Internacional afetaram a cooperação espacial dentro do marco temporal desta pesquisa, identificar e caracterizar a posição do Brasil e da Ucrânia no Sistema Internacional (1995-2015); caracterizar as organizações burocráticas brasileiras e ucranianas envolvidas cooperação espacial (1995-2015). O trabalho se baseia numa hipótese central: a cooperação espacial entre Brasil e Ucrânia foi afetada pela estrutura de poder do Sistema Internacional. A hipótese proposta é derivada de pressupostos estabelecidos por contribuições teóricas que orientam esta tese, oriundos das Relações Internacionais. No primeiro nível de análise, a literatura utilizada é referente ao estudo da distribuição de poder no Sistema Internacional. O segundo nível de análise apoia-se no referencial bibliográfico da Análise de Política Externa, com prevalência da análise de processo decisório. A pesquisa utilizou o método indutivo, partindo da análise qualitativa descritivo-explicativa. Como instrumento de pesquisa foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, uma vez que teve como principais fontes primárias documentos oficiais, entrevistas e bibliografia secundária. A pesquisa utilizou a metodologia de estudo de caso. Os resultados encontrados apontam que a hipótese do trabalho foi comprovada. A cooperação espacial entre Brasil e Ucrânia foi impactada pela estrutura de poder do Sistema Internacional a partir das mudanças no equilíbrio de poder do Sistema Internacional, demonstrando a prevalência do primeiro nível de análise. Adicionalmente, o segundo nível de análise demonstrou que a Política Externa brasileira e ucraniana construiu estratégias de inserção internacional pautadas em percepções equivocadas tanto do Sistema Internacional quanto do nível interno. A análise das decisões sobre cooperar e denunciar a cooperação revelou a incapacidade de ambos os Estados de estabelecer objetivos estratégicos que estivessem pautados por análises precisas e assertivas sobre os condicionantes externos e internos necessários para a consecução de um projeto como o que envolveu a criação e implementação da Empresa Binacional Alcântara-Cyclone 4. Desconsiderando a importância de uma formulação de política externa que equalize os incentivos e restrições do Sistema Internacional com o respaldo interno, sob o risco de suas ações externas voltarem-se contra esses mesmos governos.