Confabulações entre casa-grande & senzala e o ensino de Biologia

Abstract

O encontro entre a linguagem científica e a linguagem literária demonstra ser um recurso metodológico de notoriedade para o processo de ensino-aprendizagem de Ciências e Biologia. Quer seja utilizando a literatura como um ponto de partida ou como um plano de fundo para a prática pedagógica, benefícios como a ludicidade, a interdisciplinaridade e o plurilinguismo costumam ser observados. Mas o que poderia resultar da interação com um gênero textual como o ensaio histórico-sociológico, que transita entre a linguagem literária e a científica humanística? No presente trabalho buscou-se explorar as possibilidades de diálogo entre o ensaio Casa-grande e senzala, do sociólogo Gilberto Freyre, e o ensino de Biologia, visando a elaboração de roteiros de trabalho para professores do Ensino Médio que orientem como abordar traços de subáreas das Ciências Biológicas citados pela obra. Para tanto, foi realizada uma análise do ensaio a partir da qual se extraiu de cada capítulo tópicos relacionáveis à Biologia que foram separados em cincos eixos temáticos: “Sexo, gênero e sexualidade”, “Saúde Humana no Brasil Colonial”, “Meio Ambiente no Brasil Colonial”, “Genética” e “Racialização e Relações Étnico-raciais”. Como parte dos resultados, cada capítulo recebeu um mapa conceitual próprio onde os tópicos são elencados e delimitados em áreas específicas para cada eixo. Com o intuito de desenvolver modelos de roteiros baseados nos eixos “Sexo, gênero e sexualidade” e “Genética”, os tópicos “sifilização do Brasil” e “genética da miscigenação”, respectivamente, foram selecionados para a abordagem em práticas educativas específicas. Observou-se que este polêmico ensaio é capaz de nos conceder abordagens pedagógicas sistêmicas que integram as Ciências Biológicas e as Ciências Humanísticas e nos permitem discutir temas como Educação Sexual e Educação das Relações Étnico-Raciais em um maior grau de integridade.