Evasão na pandemia: um estudo comparativo entre os períodos pré e durante a Pandemia da COVID-19, na Universidade Federal Fluminense

Abstract

A evasão é um problema desde o crescimento das Universidades e o comportamento dela pode mudar de acordo com as transformações do ambiente. Com essa premissa, o Grupo de Pesquisa em Administração Pública desenvolveu o projeto ora relatado, cujo objetivo foi verificar a influência da pandemia da COVID-19 na evasão dos discentes de graduação da Universidade Federal Fluminense. Do ponto de vista dos procedimentos metodológicos, realizou-se pesquisa bibliográfica, investigando as bases do debate sobre a evasão; documental, acessando os dados estatísticos oferecidos pelos órgãos de registro e pelas coordenações dos cursos; e pesquisa de campo, quando se apurou, por meio de formulário virtual, a percepção de estudantes da UFF sobre as causas da sua própria evasão. Além disso, fez-se um estudo comparativo desses índices e motivos da evasão entre cotistas e não cotistas, destacando-se os dois segmentos. A pesquisa, em termos estatísticos, mostrou que o impacto da pandemia acentuou velhos problemas estruturais, mas não de modo tão amplo como se cogitou. A razão dessa conclusão estatística pode ser atribuída a medidas preventivas tomadas. Para examinar se essa conclusão era apenas uma ilusão das estatísticas (Besson, 1995) ou efetivo fenômeno - educacionalmente concreto - a pesquisa foi reaberta, e novos dados foram levantados e analisados, permitindo maior assertividade nas conclusões positivas encontradas. Já os motivos do abandono do curso, para os não cotistas, tanto antes, quanto durante a pandemia, estão relacionados à frustração com o curso e aos sentimentos negativos, ainda que durante a pandemia dificuldades econômicas assumam relevância. Entre os cotistas, razões relacionadas ao trabalho e suas condições financeiras se destacaram - antes e acentuadamente durante a pandemia. No grupo estudado, há causas de evasão demarcadas, apesar de algumas terem sido mais intensificadas com a crise sanitária. Isso ressalta a necessidade de uma política estruturada de combate à evasão para, gradativamente, reduzir o problema e fazer com que os estudantes sejam menos impactados em períodos de crise. Essa política passa por medidas no plano econômico, pedagógico e da saúde, especialmente saúde mental; algumas de amplitude nacional, outras no nível da própria UFF e ainda outras dirigidas a especificidades dos cursos.