FOTO-POLÍTICAS: GENEALOGIAS DA LUZ COMO INSTRUMENTO DE PODER
Dispositivo
Mídia
Poder
Genealogia
Luz
Mídia
Genealogia
Lumière
Dispositif
Média
Pouvoir
Généalogie
Resumen
Esta tese propõe investigar de que maneira a luz pode se estabelecer, em diferentes contextos históricos, enquanto dispositivo que participa da produção de determinadas relações de poder e certas subjetividades. Nesse intuito, consideramos o corpo humano como uma superfície fotossensível capaz de ser influenciada por estímulos luminosos – de diversas procedências e com diferentes efeitos –, bem como uma instância coprodutora desse tipo de sensação. Reconhecemos, ainda, a maneira pela qual o fenômeno luminoso participa tanto da constituição do mundo cognoscível e experimentável quanto das relações entre seres humanos e/ou não humanos – de forma consciente ou inconsciente, individual ou coletiva – configurando-se a luz, portanto, enquanto mídia. Ademais, entendemos por “luz” as distintas modulações (de intensidade, rítmicas, formais etc.) que o fenômeno luminoso pode apresentar. Isso inclui não só os gestos organizadores de luz e visibilidade, mas também os produtores de sombra e invisibilidade. Entendemos, ainda, a luz como uma tecnologia midiática análoga a um pharmakon, sendo capaz de produzir efeitos benéficos e/ou tóxicos, em função das circunstâncias. Partindo dessas premissas, procuramos investigar, por um lado, como a luz e sua intrínseca sombra têm a capacidade de influenciar, vigiar, disciplinar ou controlar os discursos, as práticas e os pensamentos dos seres humanos; por outro, como elas podem contribuir para a invenção de novas palavras, ações, imaginários ou modos de existência, escapando aos mecanismos de poder dos diferentes momentos históricos analisados. Recorrendo à perspectiva genealógica, colocamos em diálogo o estudo de diferentes materialidades, tecnologias, práticas e performances da luz, com vistas a evidenciar de que modo luz e escuridão participam, em distintas situações históricas, de diferentes regimes de poder e saber. No primeiro Capítulo, desenvolvemos uma discussão teórico-metodológica a respeito das noções de luz, dispositivo em geral e, em particular, dispositivo luminoso, a fim de pensar de que modo a luz se estabelece enquanto tecnologia de poder. No segundo Capítulo, estudamos materialidades e práticas luminosas que se manifestaram em cidades modernas e contemporâneas, para explicitar de que forma a luz participa de mecanismos disciplinares e de controle nesses respectivos períodos. No terceiro Capítulo, investigamos de que maneira a luz e as trevas são instrumentalizadas por determinadas igrejas cristãs no intuito de administrar a religiosidade, a fé e a subjetividade dos fiéis. Por fim, no último Capítulo, nos debruçamos sobre algumas instrumentalizações da luz em sociedades coloniais e póscoloniais do continente americano, a fim de pensar de que maneira a luz se estabelece como um dispositivo que ambiciona não apenas a colonização dos corpos racializados, mas também o escrutínio e a exploração de sua força de trabalho. Ao final desta pesquisa, identificamos algumas limitações nos modelos de poder propostos por Foucault e Deleuze no que tange ao estudo das instrumentalizações da luz – ainda que constituam importantes ferramentas conceituais de análise. Com o objetivo de superar esses limites, propomos, a partir das ideias de Virilio, a distinção de dois regimes históricos de instrumentalização da luz que atravessam as diferentes situações analisadas. O primeiro regime, vigente até o final do século XX, se caracterizaria pelo emprego das “luzes diretas” de tecnologias como fogo, tocha, vela, lanternas, lâmpada a óleo (a partir do século XVIII), iluminação a gás (na primeira metade do século XIX) e iluminação elétrica (no final do século XIX ou início do XX). O segundo regime, das “luzes indiretas”, surge ao final do século XX e ainda permanece nos tempos presentes; é marcado pela emergência de uma nova qualidade de luz eletro-óptica, não mais restrita ao espectro do visível. Essas luzes já não são fruto da iluminação tradicional de objetos físicos, mas resultam de operações matemáticas e algorítmicas, possibilitadas pela eletrônica e pela informática. É com essa nova qualidade de luz que as instrumentalizações aqui estudadas conhecem sua maior transformação, razão pela qual essa mudança constitui o foco central desta pesquisa. Com as genealogias propostas nesta tese, procuramos desnaturalizar as relações historicamente desenvolvidas com a luz, a fim de reconhecer seu protagonismo a serviço de foto-políticas específicas, conceito que propomos para designar algumas instrumentalizações da luz enquanto tecnologia de poder. Nesta tese, de fato, buscamos oferecer elementos para compreender as peculiaridades da instrumentalização de mídias luminosas na atualidade, em contraste com o que ocorreu em outros períodos históricos.
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Tipo de documento
TeseFuente
D ARTEMARE, Antoine Nicolas. Foto-políticas: genealogias da luz como instrumento de poder. 2024. 191 f. Tese (Doutorado em Comunicação) - Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Instituto de Arte e Comunicação Social, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2024.Sujeta/Sujeto(s)
LuzDispositivo
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Poder
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