Análise de associação entre polimorfismos nos genes IL6 e IL10 e seu papel no agravamento da silicose e na suscetibilidade á silicotuberculose em trabalhadores expostos a sílica no estado do Rio de Janeiro

Abstract

A silicose é uma doença ocupacional incurável causada pela inalação e deposição de cristais de sílica nos alvéolos pulmonares, levando a uma resposta inflamatória e fibrogênica pulmonar. A silicose pode ser classificada radiologicamente como simples ou complicada, sendo diferenciada pelo tamanho dos nódulos fibróticos característicos da doença. Também é visto uma associação entre a exposição à sílica e um risco significativamente aumentado no desenvolvimento de tuberculose, doença causada por infecção pela Mycobacterium tuberculosis, mesmo em indivíduos não silicóticos. Ainda, é visto uma diferença na manifestação da silicose mesmo em pacientes submetidos às mesmas condições de exposição, o que indica o envolvimento de outros fatores no progresso da doença. A identificação desses fatores é de grande importância para a identificação de pacientes em situação de maior risco e também no desenvolvimento de mecanismos para o auxílio no diagnóstico, prognóstico ou tratamento da silicose e também da silicotuberculose. A Interleucina 6 (IL-6) demonstra papel importante na resposta inflamatória desencadeada pela sílica, ao passo que a Interleucina 10 (IL-10) parece estar fortemente ligada à infecção por Mycobacterium tuberculosis. Esse trabalho analisou os polimorfismos -174G>C (rs1800795) e -819T>C (rs1800871) nos genes IL6 e IL10, respectivamente, em pacientes com silicose expostos à sílica no Estado do Rio de Janeiro para analisar a ocorrência de uma associação entre essas variações genéticas específicas e uma maior gravidade da silicose ou suscetibilidade à silicotuberculose. Os polimorfismos foram analisados através da amplificação do DNA de 143 pacientes silicóticos por Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) em Tempo Real usando ensaios Taqman® pré-desenhados. Não foram encontradas associações entre o polimorfismo -174G>C no gene IL6 e uma maior gravidade no desenvolvimento da silicose ou suscetibilidade à silicotuberculose. Entretanto, para o polimorfismo -819T>C no gene IL10, foi observada uma associação significativa entre a presença de ao menos um alelo variante T e um maior risco de desenvolvimento de tuberculose em nossas amostras (p=0,028; OR=2,18 95% IC 1,10 - 4,32). Esses resultados são de grande importância pois a silicotuberculose é um tema muito pouco explorado, principalmente na população brasileira que ainda está muito vulnerável à exposição à sílica, e podem ser utilizados como uma ferramenta para formar estratégias no manejo e seguimento dos pacientes com silicotuberculose.