Os clubes de ciências como continuum de educação formal e não formal: uma análise de propostas educativas vinculadas a ações de extensão da UFF

Abstract

O presente trabalho se propôs a analisar o papel dos clubes de ciências como espaços educativos que integram o ensino formal e não formal, fundamentado no conceito de continuum, buscando entender se faz sentido separar a educação formal e não formal em categorias estanques. Desse modo, o objetivo geral deste trabalho foi investigar e analisar propostas educativas dos clubes de ciências das escolas envolvidas em projetos de extensão da UFF, buscando construir diálogos com o conceito de continuum entre as modalidades de educação formal e não-formal. Os objetivos específicos foram: a análise e categorização dos trabalhos publicados sobre clube de ciências, obtidos por meio de levantamento bibliográfico, e suas relações com a educação formal e não formal; a análise das atividades realizadas quanto a ideia de continuum; a investigação de influências das atividades realizadas nos clubes de ciências dos projetos de extensão da UFF nos currículos de ciências e biologia das escolas e vice-versa; e a produção de reflexões sobre os clubes de ciências enquanto espaços de educação formal e não-formal, evidenciados pela análise feita, à luz do conceito de continuum. A pesquisa, de abordagem qualitativa, utilizou levantamento bibliográfico e posterior análise dos trabalhos selecionados a partir de eventos acadêmicos - ENEBIO, ENPEC e EREBIO - realizados entre 2018 e 2023, como ferramenta metodológica para análises subsequentes, além de observação participante, entrevistas semiestruturadas com professoras e questionários aplicados a licenciandos e licenciados em Ciências Biológicas da UFF. Os resultados apontam que os clubes de ciências promovem a articulação entre teoria e prática, oferecendo aos estudantes oportunidades de participação ativa em atividades práticas, investigativas e interdisciplinares. Essas ações fortalecem a formação de uma educação científica significativa, fomentam a autonomia pedagógica e incentivam o engajamento crítico em temas científicos e socioculturais. Além disso, os clubes potencializam a formação continuada de professores, contribuindo para a adoção de metodologias mais reflexivas e contextualizadas. Conclui-se que os clubes de ciências constituem territórios educativos alternativos que ampliam os horizontes da educação ao integrarem práticas formais e não formais de maneira dinâmica e significativa. Esses espaços promovem uma conexão efetiva entre os conteúdos curriculares e as vivências práticas, representando um potencial enriquecimento do processo de ensino e aprendizagem. Além de desenvolver competências científicas e reflexivas nos estudantes, os clubes incentivam o pensamento crítico, a criatividade e a autonomia, estabelecendo vínculos entre a escola e a comunidade. Com isso, consolidam-se como ferramentas essenciais para a construção de uma educação inclusiva, transformadora e alinhada às demandas de uma sociedade contemporânea.