Correlação entre as medidas de perímetro localizadas na região abdominal e o tecido adiposo visceral

Abstract

O acúmulo de gordura na região abdominal, caracterizado principalmente pelo excesso de tecido adiposo visceral (TAV) é considerado preditor de mortalidade. Na prática clínica ou em estudos epidemiológicos esse excesso de gordura abdominal é avaliado pela mensuração do perímetro da cintura. Apesar da medida de perímetro da cintura (PC) ser simples, essa pode ser aferida em qualquer porção do tronco entre a décima costela e a parte superior do ilíaco a depender do protocolo adotado. O presente estudo teve por objetivo investigar a associação entre as medidas de perímetros realizadas em diferentes porções da região abdominal e o TAV em adultos e idosos. Foram utilizados dados secundários de projetos realizados no Laboratório de Avaliação Nutricional e Funcional da UFF que incluíram a medição da massa corporal, estatura e perímetros localizados na região abdominal (P1, P2 e P3). A determinação da quantidade de massa gorda (MG), de TAV na região androide e tecido adiposo subcutâneo total (TASt) foi realizada por por meio da absorciometria de raio-x de dupla energia (DXA). Foram realizadas análises estatísticas descritivas das variáveis quantitativas e das variáveis qualitativas, análise de correlação de Pearson para avaliar as associações entre as medidas de perímetro e o TAV e TASt e foram desenvolvidos modelos de regressão linear generalizados. Foi utilizado o pacote estatístico R e valores de p<0,05 foram considerados significativos. Foram incluídos no estudo 723 participantes, sendo 450 mulheres (62%) e 273 homens (38%), com média de idade de 57,1 ± 17,8 anos. A prevalência de excesso de peso entre os participantes foi de 62,4%. Foram observadas associações positivas significativas entre os perímetros localizados na região abdominal e quantidade de gordura visceral, independentemente do local de aferição do perímetro. Porém, a força da associação entre o PC e o TAV foi modificada em função da idade e do estado nutricional, no qual as medidas P1 e P2 apresentaram boa correlação com TAV para os grupos classificados como adequado, sobrepeso e obesidade cujos coeficientes variaram entre 0,719 a 0,768. Já no grupo de baixo peso as correlações foram menores sendo de 0,347 para P1 e 0,199 para P2. Em mulheres e em homens, as medidas de perímetro de cintura localizadas na parte mais estreita do tronco e a medida realizada no ponto médio entre a última costela palpável e o topo da crista ilíaca foram consideradas melhores preditoras da gordura visceral, explicando uma variação em torno de 3-4% no TAV para unidade do PC.