Perfil hematológico e bioquímico sérico de Oncorhynchus mykiss em truticultura no microclima de montanha

Abstract

O uso da hematologia e bioquímica para monitorar a sanidade de peixes tem se tornado mais evidente com a expansão da aquicultura. Manejo, bem-estar e variações ambientais são fatores atrelados, determinantes de condições como estresse e demanda de oxigênio, e influenciam a eritropoiese e outras reações fisiológicas adaptativas e patológicas nos peixes. Com as mudanças climáticas e problemas de sanidade, é fundamental entender como as alterações da temperatura na sazonalidade impacta na saúde e bem estar dos peixes. Esse estudo teve como objetivo avaliar o perfil hematológico e bioquímico de Oncorhynchus mykiss em uma truticultura da região de montanha do Estado do Rio de Janeiro, levando em consideração a variação sazonal. Para isso, foi selecionada uma truticultura com condições ideais de criação onde trutas arco-íris juvenis foram mantidas no período março/23 a julho/24, sendo realizadas 7 coletas de aproximadamente 20 animais cada, de acordo com a sazonalidade. Exemplares hígidos foram anestesiados com eugenol, e após punção da veia caudal, os mesmos foram eutanasiados por overdose anestésica. A necrópsia e coleta de dados morfométricos foram realizadas para comparação estatística. As estações do ano refletiram nos parâmetros morfológicos, hematológicos e bioquímicos analisados. Na primavera, os índices morfométricos apresentaram os maiores valores (IHS: 1,5 ± 0,4%; IGV: 1,5 ± 0,6% e K: 1,5 ± 0,5), enquanto no inverno, esses valores foram mais baixos (IHS: 1,3 ± 0,4%, IGV: 0,8 ± 0,4% e K: 1,3 ± 0,4). No verão, com temperaturas elevadas (23°C), menor oxigenação na água e aumento do fotoperíodo, observou-se a elevação nos índices hematimétricos, como HCM (108,7 ± 24,3pg) e CHCM (22,8 ± 1,3%), além da diminuição na contagem de eritrócitos (0,7 ± 0,2 10⁶/µl) e hematócrito (32 ± 4,3%), com predomínio de agranulócitos. Durante o inverno (14° a 19°C), houve predominância de granulócitos. O aumento do metabolismo nas temperaturas amenas foi refletido em maiores concentrações bioquímicas de ureia, creatinina, colesterol, glicose e a enzima hepática AST. De forma inédita, este trabalho apresenta a primeira determinação do perfil hematológico e bioquímico para O. mykiss criados na região Serrana do Estado do Rio de Janeiro podendo ser utilizados como referência para animais em condições semelhantes de criação e manejo