"Not too hard, not too soft": Performance, gênero e juventude nas boy bands

Abstract

Esta pesquisa visa investigar de que maneira a masculinidade é caracterizada, articulada e performada por conjuntos classificados pela imprensa e pelo público como boy bands, com foco nos grupos vocais. Uma das hipóteses centrais é de que a representação de gênero desempenhada pelos conjuntos que são associados a esse rótulo está atrelada a um perfil considerado "suave", que simultaneamente desafia e dialoga com referenciais de “virilidade” e “feminilidade", visando à construção de um vínculo com o público adolescente feminino. A segunda hipótese é de que as performances de gênero dos grupos são atravessadas também por tensões, debates e estigmas atrelados a raça e etnia, que impactam direta e indiretamente a maneira como os artistas são percebidos e consumidos. Para condução do estudo, são analisados os videoclipes mais populares de três grupos: Menudo, Boyz II Men e Backstreet Boys. A partir da seleção de conjuntos formados por cantores considerados latinos, negros e brancos, respectivamente, o objetivo é compreender de que formas são agenciados fatores como juventude, autonomia, práticas de fãs, aparência, personas, romance e performance musical na construção e na popularização do padrão de masculinidade “suave” que se tornou característico das boy bands ao longo da segunda metade do século XX.