A (in)visibilidade de mulheres em livros didáticos de espanhol: uma análise discursiva

Abstract

Este trabalho analisa a representação de mulheres em livros didáticos de Espanhol, propiciando a reflexão crítica sobre a continuidade ou não de veiculação de estereótipos e de preconceitos relacionados às mulheres na instituição escolar. Para isso, foram selecionadas as coleções de espanhol para o Ensino Médio aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didático - PNLD 2018, o último que inclui a língua espanhola antes da Medida Provisória 746/2016 (BRASIL, 2016), convertida na Lei no 13.415/2017 (BRASIL, 2017), que impôs a Língua Inglesa como componente curricular obrigatório na Educação Básica e revogou a Lei 11.161/2005 (BRASIL, 2005), que determinava a oferta do espanhol no Ensino Médio. Propomos uma abordagem teórica com base na Sociologia do discurso do Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2011; VOLÓCHINOV, 2018; 2019). No que diz respeito aos estudos de gêneros, recorremos a autoras que discutem historicamente e socialmente as bases da desigualdade, como Beauvoir (2019), Bourdieu (2012), Butler (2021), Dias (2020), Federeci (2004), Gonzalez (2020), Lerner (2019), Louro (1997), Nepomuceno (2020), Scott (1995; 2012), Soihet (1997), Soihet e Pedro (2007), entre outras. Após um levantamento quantitativo de textos verbais, visuais e verbo-visuais que apresentem mulheres nos livros didáticos selecionados, observa-se se os textos e as atividades propostas incentivam o debate sobre as questões de gênero, a desnaturalização da inferioridade das mulheres, o pensamento crítico e se estabelecem relações dialógicas de confrontação (ARÁN, 2006) ou de adesão (FREITAS; SELLES, 2021) com discursos estereotipados, estigmatizados, sexistas ou preconceituosos a respeito das mulheres. Os resultados apontam que a representatividade da mulher está contemplada de maneira satisfatória, a partir de conteúdos que desenvolvem a reflexão e a criticidade das estudantes a respeito das questões de gênero.