Entre a cooperação e a prestância: os dilemas de uma associação de moradores no Brasil contemporâneo

Abstract

O objetivo deste trabalho foi analisar o papel da associação de moradores para os habitantes de um bairro na cidade de Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro. Pretendendo responder em que medida tal associação atua como um canal de participação e colaboração entre os cidadãos e o poder público. Para isso, a pesquisa tem como objetivos específicos identificar os meios de comunicação existentes entre a associação de moradores, a comunidade e o setor público; descrever as ações de iniciativa da associação para melhoria da coletividade; e verificar a viabilidade da associação de moradores como exemplo de Gestão Social. Tais ações foram alcançadas segundo a metodologia estabelecida que consiste em uma pesquisa de natureza exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa. O método de pesquisa adotado constitui em revisão bibliográfica, como também a pesquisa de campo que permite uma aproximação com o objeto investigado e a inserção do pesquisador na realidade social. Para a coleta de dados os instrumentos utilizados foram a observação participante e a entrevista semiestruturada, procurando obter informações para conclusão do trabalho, por meio da fala dos atores sociais. Os dados coletados foram analisados com base no conteúdo levantado e pela interpretação do discurso dos atores nas entrevistas que foram realizadas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou uma pesquisa sobre associativismo, participação e representação de interesses onde os dados obtidos apontaram que das 22,5 milhões de pessoas entrevistadas, apenas 31% tinham vínculo com algum tipo de associação. E 39% dessas pessoas estavam filiadas à um órgão comunitário. Também foi constatado pela pesquisa que apenas 18% dos entrevistados participam de atividades político-sociais. E destes participantes, 60% assinam listas e abaixo assinados como forma predominante de participação. Desta forma, este trabalho procurou também evidenciar a trajetória de participação social do Brasil, os processos de colaboração entre a sociedade civil e o poder público e as formas de gestão compartilhada, em que as questões coletivas são colocadas e discutidas em conjunto. Os resultados obtidos mostraram uma realidade de baixa participação social, falta de capacidade organizativa e uma Organização da Sociedade Civil (OSC) deficiente em termos de representação e gestão coletiva.