O SUAS E A REDE SOCIASSISTENCIAL NÃO ESTATAL
d’Almeida, Liliane Cardoso | Posted on:
2010
Abstract
A realidade contemporânea nos remete a pensar a assistência social como uma política
social que deve ser gerida e mantida pelo Estado. Porém, a construção da assistência no
Brasil nos leva a colocá-la, também, no campo da caridade, da filantropia, da troca de
favores e do clientelismo político. Ou seja, a sua historicidade consubstancia a
dualidade entre assistencialismo e direito, entre ações públicas e privadas e entre dever
moral e dever do Estado. Essas dualidades estão presentes, em menor ou maior grau, na
configuração da assistência social no Brasil. O novo conjunto das legislações e das
inflexões advindas com o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) apresenta um
novo marco regulatório para as ações do Estado relativas à política de assistência
social como política de seguridade social pública na relação com a rede privada de
prestação dos serviços socioassistenciais. Essas alterações conduzem para o centro do
debate categorias como referenciamento, rede, território, como elementos importantes
ao processo de formulação gestão, execução e avaliação da política social nos espaços
em que é implementada. Nesse sentido, os novos critérios apresentados e as categorias
expressas no próprio texto legal da Política Nacional de Assistência Social (2004)
apresentam um conjunto de novas diretrizes de condução da política na relação público privada
que historicamente constituiu a característica da assistência social nos
territórios. Dessa forma, esse trabalho trata de uma reflexão dos desafios para
construção da esfera pública de assistência social na institucionalização do SUAS, no
que refere aos indicadores que impactam em critérios ao co-financiamento dos serviços
socioassistenciais vinculados à rede privada. Situamos a experiência da pesquisa no
âmbito do poder público na relação com as organizações não estatais de assistência
social, a partir dos dados do município de Campos dos Goytacazes, situado na Região
Norte Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, os quais apontam desafios demarcados
por práticas irrigadas pela cultura política, e por obstáculos em fazer transitar a
assistência social do plano da perspectiva subsidiária para o plano da política pública
de direitos. Para o plano da pesquisa utilizamos as dimensões de análise relativas à
concepção, aos destinatários e aos processos de incorporação das demandas, ao sistema
regulatório, ao planejamento, responsabilidades, espectro de atores e relativas ao
financiamento. Tendo por referência estas dimensões da política, tratamos a coleta dos
dados e a análise a partir de um conjunto de variáveis que nos permitem apontar as
tendências presentes no processo de institucionalização do SUAS pela rede privada a
partir dos territórios. Os resultados da pesquisa apontam para uma tendência adaptativa
de institucionalizar a política pública e contraditoriamente revela também os avanços
gerados a partir das inflexões advindas com o novo sistema de gestão, convivendo com
a necessidade de adequabilidade das estruturas e instrumentos de pactuação do cofinanciamento
dos pisos da proteção social junto à rede privada prestadora dos serviços
socioassistenciais.
[Texto sem Formatação]
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DissertaçãoSubject(s)
Serviço SocialLicense Term
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